19/Nov/2024
Um estudo com consumidores suíços de leite e manteiga explorou se eles aceitariam preços mais altos em troca de melhores condições de vida para as vacas leiteiras. A sustentabilidade tem múltiplos significados. Embora seja mais comumente associada a práticas que têm um impacto ambiental inferior à média e contribuem menos para as mudanças climáticas, ela também pode significar, em alguns contextos, práticas que promovem o bem-estar dos trabalhadores. Os produtos lácteos são frequentemente associados, por serem de origem animal, tanto às mudanças climáticas quanto às condições dos animais. Mas, entre esses fatores, qual é o que mais importa para os consumidores? Eles estariam dispostos a pagar mais pelo bem-estar animal ou as emissões de gases de efeito estufa (GEEs)?
Um novo estudo publicado na revista Food Quality and Preference explorou quais fatores da produção de lácteos mais preocupam os consumidores suíços. Os consumidores estão dispostos a pagar mais pelo bem-estar animal? Estudos anteriores mostram que os consumidores estão frequentemente dispostos a pagar mais por certos aspectos-chave do bem-estar animal, como maior contato entre vaca e bezerro, eliminação do desconforto durante o descorna e maior acesso ao ar livre. O terreno montanhoso da Suíça dificulta a produção de alimentos de origem vegetal. No entanto, ele é bem adequado para a produção de leite baseada em pastagens, tornando o bem-estar animal uma questão central no país. Neste estudo, foi realizado um experimento de escolha discreta para examinar quais escolhas os consumidores fariam em um cenário real de compra.
Eles foram testados para verificar se pagariam mais por leite ou manteiga se certas condições fossem atendidas. O estudo descobriu que os consumidores preferem a produção orgânica de leite em vez da convencional, sistema de confinamento solto (loose housing) em vez de amarração (tethering), a prática de tethering é mais comum em países onde o espaço para pastagem é limitado, como regiões montanhosas da Europa, e onde a produção é intensiva e de menor escala, e o abate no local em vez do transporte para o frigorífico. Eles apoiam a redução das emissões de GEEs, desde que isso não prejudique os animais em questão. Os consumidores estavam particularmente preocupados com a acomodação dos bovinos, ou seja, a mudança de amarração para confinamento solto.
O estudo calculou que, se as melhorias desejadas fossem implementadas nas condições das vacas na produção de leite e derivados, eles pagariam, em média, 2,73 CHF (US$ 3,17) a mais por pessoa por mês pelo leite e 2,56 CHF (US$ 2,97) pela manteiga. Isso representaria, no caso do leite, um aumento de 1,01% no orçamento mensal de alimentos e 0,13% nas despesas mensais totais. Para a manteiga, seria um aumento de 0,96% no orçamento de alimentos e de 0,12% nas despesas totais. A disposição dos consumidores de pagar mais também superou o limite superior de custo real para realizar essa mudança na prática agrícola (embora a amarração não seja mais o padrão de mercado na Suíça, ocorrendo em menos de 50% das fazendas). O aumento de despesas para acomodação seria maior do que para todas as outras melhorias de bem-estar animal.
No entanto, o estudo destaca que essa questão afeta uma porção maior da vida das vacas em comparação com outros aspectos do bem-estar animal. Quando a redução de emissões de GEE entra em conflito com o bem-estar animal, o que os consumidores priorizam? A pesquisa também analisou se os consumidores pagariam mais por produtos lácteos ligados à redução de emissões de GEE. Esse resultado foi significativo, mas inferior ao das melhorias de bem-estar animal. Se a redução das emissões de GEE entrasse em conflito com o bem-estar animal, resultando em sua diminuição, os consumidores não estariam dispostos a pagar mais. Houve, de fato, uma correlação negativa entre a disposição de pagar mais e essa redução do bem-estar animal, mesmo quando em favor da diminuição das emissões de GEE. Fonte: Dairy Reporter. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.