14/Nov/2024
O mercado pecuário está realmente aquecido. Os preços de todas as categorias não param de subir há cerca de três meses. A exportação bateu, em setembro, recorde, que foi superado em outubro, e a média de preços da tonelada da carne em novembro já está acima da dos meses anteriores, o que estimula o crescimento do volume exportado. No mercado interno, indicadores macroeconômicos mostram que o consumo dos brasileiros também está firme. O preço (deflacionado) da carne com osso no atacado de São Paulo é o maior em 3,5 anos. Confirmando a dinâmica acelerada do setor, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o abate de bovinos tem crescido. Em julho, agosto e setembro, a produção de carne bovina aumentou 6,3% sobre o trimestre anterior e 14,3% no comparativo com o mesmo período do ano passado.
Em relação ao “número de bovinos abatidos”, o aumento no terceiro trimestre foi de 3,7% em relação a abril, maio e junho. Considerando abatedouros com inspeção municipal, estadual e federal, foram abatidas 10,33 milhões de cabeças em julho, agosto e setembro, contra 9,96 milhões no segundo trimestre do ano. Uma conjunção que reflete o momento do ciclo de produção mundial e as circunstâncias de demanda mundo afora. Os aumentos de preços da carne bovina são globais, e os produtores brasileiros estão respondendo adequadamente, com incrementos de produção, investindo em produtividade e preparando-se para uma possível reversão de ciclo num horizonte não muito distante. O conjunto de dados confirma o que os preços diários têm mostrado.
Frigoríficos precisam entrar firmes nas compras spot para complementar os lotes que já tinham contratado previamente, e pecuaristas (somando-se os ofertantes do spot e os que firmaram contratos) conseguiram ofertar 370 mil bovinos a mais que no trimestre anterior e com peso médio também maior; típico de confinamentos. No front externo, a evidência do ritmo forte do setor vem dos números mais recentes da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em outubro, frigoríficos conseguiram exportar 42% a mais que no mesmo mês do ano passado e 5% a mais que em setembro (carne in natura e processada). Foi o maior volume mensal já registrado, superando inclusive os recordes anteriores batidos neste ano. No comparativo anual, o volume nos dez primeiros meses de 2024 é 29% maior, totalizando 2,397 milhões de toneladas. Com a venda de todo esse volume (in natura e processada), na parcial do ano, exportadores receberam mais de US$ 10,5 bilhões, aumento de 22,6% sobre o do mesmo período de 2023.
Se o câmbio for levado em conta (afinal, frigoríficos brasileiros recebem em Real), aí o crescimento da receita em Reais chega a 29%, exatamente o mesmo crescimento obtido em volume e, portanto, estabilidade dos preços médios em moeda nacional. Em outubro, a receita total, em dólar, supera em quase 45% a de um ano atrás e em 8,5% a de setembro. Em Real, os aumentos chegam às marcas de 47% e de 20% respectivamente. No agregado dos dez primeiros meses, a carne in natura representou 91% da receita, o equivalente a US$ 9,5 bilhões, alta de 24% frente ao mesmo período do ano anterior. Só de setembro para outubro, o crescimento foi de 11% e, frente a outubro do ano passado, de expressivos 47%. Com o efeito do câmbio, os aumentos sobem para 12% e 63%, nesta ordem. Em valores absolutos, em outubro, exportadores receberam US$ 1,26 bilhão pela carne in natura; em moeda nacional, o valor supera os R$ 7 bilhões.
O preço de exportação em Reais no último mês foi 12,4% maior que o de outubro/23 e 4,7% superior ao de setembro. O principal destino da carne bovina in natura é a China. Metade de toda a exportação brasileira de carne bovina vai para este cliente, que responde também por metade da receita obtida pelos exportadores brasileiros. Na parcial do ano (janeiro a outubro), a China pagou US$ 4,8 bilhões pela aquisição de 1,086 milhão de toneladas da carne brasileira, volume 12% acima do demandado no mesmo período de 2023. A média do período em dólar pago pelos chineses caiu 9%, mas o preço de outubro/2024, comparado ao de setembro/2024, aponta alta de 4%, mostrando a valorização recente da carne brasileira. Além da demanda firme da China, o setor também pôde contar com o crescimento dos envios para os Estados Unidos, que compraram mais que o dobro do ano passado.
Com isso, o país elevou sua participação no valor das exportações de carne in natura de 4% em 2023 (janeiro-outubro) para 7,2% em 2024. Chama a atenção, ainda, o forte crescimento dos embarques para os países árabes, em especial Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita; Turquia e Filipinas também têm comprado bem mais. Embora os preços médios em dólar no acumulado de janeiro a outubro tenham caído 5,7% na comparação com o mesmo período de 2023, em outubro/2024, aumentaram 3,3% frente à de setembro e 1,4% em relação a um ano atrás. Como o Real se desvalorizou 5,2% no comparativo dos dez meses de 2024 com igual intervalo de 2023, a perda dos preços foi inferior a 1% no acumulado do período. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.