30/Oct/2024
A Gallagher, da Nova Zelândia, que há quase 100 anos patenteou a cerca elétrica para uso na pecuária, acaba de assinar um memorando de parceria para instalar seu primeiro escritório na Região Centro-Oeste do Brasil. Como parte desse movimento, a empresa vai trazer ao País sua mais nova criação: o “e-shepherd”, um colar que fica no pescoço do boi e o direciona para que ele circule em uma área pré-determinada do pasto. Com a ferramenta, é possível, por exemplo, mandar o gado para áreas da propriedade onde a pastagem está melhor, o que pode reforçar o ganho de peso. A tecnologia também monitora as condições físicas dos bovinos.
A solução é movida a energia solar e equipada com GPS, que gera “cercas virtuais” nos campos. Caso os bovinos avancem para locais onde não deveria estar, o colar emite um estímulo sonoro para que o gado retorne à área delimitada. Os pecuaristas brasileiros têm usado a tecnologia das cercas virtuais desde, pelo menos, 2008. Empresas como Gerdau, MDS Animal e startups, além da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveram ferramentas do gênero. Mas, a Gallagher pretende se diferenciar por meio de integração de serviços de Internet das Coisas (IoT) e de pecuária de precisão. E o próprio histórico de pioneirismo do grupo é um diferencial competitivo.
Bill Gallagher Senior, o fundador da empresa, começou o negócio quando percebeu que um de seus cavalos usava um carro para se coçar. Para que isso deixasse de acontecer, Gallagher desenvolveu um circuito elétrico que dava um choque quando o animal balançava o veículo. Com o tempo, o cavalo parou de agir daquela forma, um resultado que abriu caminho para o registro da patente da cerca elétrica. Hoje, com as preocupações com o bem-estar animal, as novas tecnologias da companhia já não têm qualquer tipo de intervenção semelhante a choque. Presente em 160 países, o grupo anunciou a abertura de seu escritório brasileiro na semana passada, durante missão comercial da Nova Zelândia em São Paulo, liderada pelo Ministro do Comércio e Agricultura, Todd McClay.
Para se estruturar no Brasil, a Gallagher fará um investimento inicial pequeno, de cerca de R$ 200 mil. A empresa ainda vai definir em qual município da Região Centro-Oeste vai abrir sua operação local, mas já definiu a meta de contratar cerca de dez funcionários para atender sua clientela-alvo: as grandes fazendas. A companhia lançou o e-shepherd há nove meses, mas a tecnologia tem recebido melhorias desde então, como o acréscimo de serviços como o monitoramento das condições físicas do gado. O colar já está à venda nos Estados Unidos, na Austrália e no Chile, além da Nova Zelândia. A tecnologia estará disponível no Brasil a partir de 2025.
A Gallagher considera fazer parcerias com startups nacionais para “tropicalizar” as tecnologias e, com isso atender a demandas dos produtores brasileiros. Apesar de a companhia ter demorado para ter uma sede no Brasil, ela marcou presença no País nos últimos 25 anos por meio de distribuidores e alguns parceiros. Mas, este é o melhor momento para a abertura da sede, porque os preços do boi gordo já começaram a se recuperar e indicam boas perspectivas de vendas para 2025. Hoje, a América Latina representa 3% da receita do grupo, mas, em quatro anos, a Gallagher quer elevar essa fatia para 10%. No ano fiscal 2024, que se encerrou em março, a companhia teve receita líquida de US$ 220 milhões, o que representou um aumento de 5% em relação ao exercício anterior. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.