29/Oct/2024
Ainda sem uma resposta concreta para atender às novas exigências ambientais da União Europeia (UE) para comercialização de carne bovina, a indústria brasileira deve apresentar ao bloco um projeto-piloto de rastreabilidade e monitoramento da cadeia. O objetivo é garantir a conformidade dos bovinos que já estão em fazendas habilitadas a exportar à União Europeia. Hoje, o Brasil já segue um protocolo de rastreabilidade específico para exportar carne à União Europeia. O Sisbov determina a identificação individual e o monitoramento do bovino pelo menos 90 dias antes de seu abate e que seja mantido na propriedade habilitada à exportação nos 40 dias que precedem o envio ao frigorífico. A legislação antidesmatamento da União Europeia (a EUDR), cuja aplicação, prevista inicialmente para 30 de dezembro, pode ser adiada, exige rastreabilidade desde o nascimento do bovino.
A proposta da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) é de que, a partir das Guias de Trânsito Animal (GTA), os bovinos com até 13 meses que foram adquiridos para engorda por propriedades habilitadas sejam considerados aptos para ter a carne exportada. Isso porque, em geral, bovinos até essa idade passam por apenas uma fazenda antes de irem para engorda. Não está resolvido o problema, não é em 100% das propriedades que seria possível fazer isso, mas com o auxílio das certificadoras que já estão dentro do processo, poderia voltar uma casa para trás com a GTA para saber se a propriedade anterior onde o bovino estava também está conforme o requisito de desmatamento. O objetivo é ‘salvar’ o máximo do estoque de bovinos que já estão sendo engordados em propriedades habilitadas para exportação.
Segundo a Abiec, o Brasil tem 1.200 propriedades habilitadas a vender gado para fornecimento de carne para a União Europeia, com um estoque total de 6 milhões de bovinos. Isso não significa que esses bovinos estão prontos para o abate, apenas que são animais cadastrados na base de dados com Sisbov. A informação sobre a faixa etária deles não está disponível. A ideia está em fase inicial de discussão com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com as certificadoras europeias para ser testada como piloto em 2025, contando com o possível adiamento da aplicação da nova lei. Proposto pela Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, o adiamento é dado como certo pelo setor. Em Paris, no Salon International de l’Agroalimentaire (SIAL), uma fonte graduada afirmou que o fato de a própria Comissão Europeia ter proposto o adiamento sinaliza que ele deve ser aprovado pelo Parlamento Europeu.
Conforme dados da Serasa Experian, cerca de 5% das propriedades hoje habilitadas a exportar à União Europeia estariam inaptas a atender à nova lei. A avaliação foi feita considerando o aspecto territorial, ou seja, se houve ou não desmatamento após dezembro 2020. A rastreabilidade não foi considerada. Segundo a Abiec, a idade média de desmame de bezerros no Brasil é de cerca de sete meses. Já as informações levantadas pela associação junto a certificadoras são de que a maioria dos bovinos cadastrados na base de dados para exportação ao bloco europeu tem até 13 meses de idade. Assim, seria possível informar para a Europa que, durante a vida inteira daquele bovino, ele passou por apenas duas propriedades que foram analisadas ambientalmente para dar a conformidade necessária. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.