24/Oct/2024
Os confinamentos representam parcela importante das escalas de abate no segundo semestre, especialmente no último trimestre, mas o surpreendente movimento de alta dos preços do boi gordo, ainda sem sinais de arrefecimento, mostra que a oferta de bovinos a pasto é determinante para a formação dos valores. A escassez de chuvas no segundo trimestre estimulou vendas naquele momento, e as queimadas acima do normal em agosto-setembro reforçaram ainda mais a comercialização de lotes que estivessem prontos para abate. Os frigoríficos firmaram contratos referentes a volumes significativos de rebanhos em confinamento, mas esses bovinos não são suficientes para abastecer o mercado doméstico e o externo, que não para de bater recorde.
O resultado tem sido oferta bastante limitada para preencher as escalas e reajustes de preços ainda expressivos, persistentes desde o início de agosto. Com isso, se acirrou a disputa por lotes finalizados “no cocho” ou de confinamento, em todas as regiões. Nas ocasiões em que compradores de frigoríficos tentam negociar sem reajuste ou até mesmo forçando alguma redução do preço, o comportamento predominante dos pecuaristas é de recusa, dado que visualizam o potencial interesse de outros compradores. As cotações, então, seguem em alta e as escalas de abate, bastante curtas. É comum que os agendamentos ocorram para a mesma semana da compra.
Nos últimos nove dias, o boi gordo registra valorização de 8,5% em Cuiabá (MT); de 7,2% em Goiânia (GO), de 9% em Rio Verde (GO); de 8% em Campo Grande (MS) e em Rondônia; de 12% em Colíder (MT); de 11% em Barra do Garça (MT); de 7% no Pará; de 6% no Noroeste do Paraná; de 7% no Norte de Minas Gerais; e de 8% no Norte de Goiás. No Triângulo Mineiro (MG) e em São Paulo, os reajustes nos últimos nove dias ficam abaixo de 5%. Olhando o quanto o boi gordo se valorizou neste mês, Colíder (MT) e Cuiabá (MT) se destacam, com 28% e 23%, respectivamente. Goiânia (GO) e Rio Verde (GO) aparecem com 17%, Rondônia, com 16%, e Campo Grande (MS) e Três Lagoas (MS), com 11%.
Nos confinamentos, a programação de entrega se concentra até o final do ano, sendo comum uma redução do número de bovinos para o período em que as chuvas se intensificam, dado que dificultam o manejo. Os reajustes fortes do boi magro principalmente em setembro, no entanto, sinalizam que confinadores reforçaram o quanto puderam seu rebanho visando à obtenção de preços atrativos pelo menos até o encerramento de 2024. De fato, no segmento de reposição, qualquer lote de boi magro ou bezerro posto à venda é rapidamente arrematado. A oferta, no entanto, é tão baixa que em várias regiões há apenas referências de preços, sem a efetivação de negócios. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.