22/Oct/2024
A carne de tilápia é a proteína cuja produção mais cresce no mundo e, em 20 ou 30 anos, o seu consumo pode ser equivalente ao de frango. O fato de ser macia e ter sabor delicado, que não lembra o peixe de mar nem o de rio, ajudou a tilápia a cair no gosto dos brasileiros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a espécie já responde por um quarto do consumo de peixe no Brasil. A espécie representa 65% do cultivo total de peixes no País, que somou 887 mil toneladas no ano passado, segundo a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR). Esse volume é suficiente para colocar o Brasil na quarta posição entre os principais países produtores, com 8% de participação mundial da espécie. A China lidera, produzindo mais de 30% da oferta, seguida da Indonésia e do Egito. Ao todo, 90 países produzem o pescado, que é consumido em 140 nações. De 2022 para 2023, produção e consumo mundial de tilápia avançaram 3,1%, segundo números da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Não é por acaso que a espécie já é o tipo de proteína que mais cresce, na comparação com carnes bovina, suína e de frango. Nos últimos dez anos, a produção cresceu 10,3% ao ano. Nenhuma outra proteína animal tem esse resultado. Além disso, a tilápia também é o pescado brasileiro mais exportado, sendo vendido para 48 países. No primeiro semestre deste ano, as vendas externas somaram 4,7 mil toneladas, ou US$ 22 milhões. Em comparação com o mesmo período de 2023, houve crescimento de 98% em volume e 43% em receita, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A tilápia é uma commodity e o empresário brasileiro sabe produzir proteína animal como commodity. Daí, para migrar para a tilápia foi muito fácil. Hoje, os principais produtores de tilápia são os maiores produtores de aves e suínos do País. Por isso, o Brasil pode se tornar o segundo maior produtor do pescado em 2030. Tem ambiente para ser maior que suínos e aves, porque o maior consumo no mundo é de peixe, e não de suínos e aves. Daqui a 20 ou 30 anos, provavelmente a tilápia vai competir com o frango.
No Brasil, o consumo de pescado ainda é bem inferior ao de frango. A proporção é de 40 Kg de aves per capita para 10 Kg de peixes. E metade desse volume de pescado é tilápia. No entanto, o valor pago pelo consumidor pelo frango e pela tilápia tem ainda uma diferença expressiva: o frango inteiro congelado varia de R$ 8,00 e R$ 10,00 por Kg em média, ao passo que a tilápia está na casa dos R$ 30,00 por Kg. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Os produtores recebem valores semelhantes pelos produtos, oscilando entre R$ 7,00 e R$ 8,00 por Kg. Mas, o frango ainda leva vantagem devido ao custo de produção: enquanto as aves têm um ciclo de produção que pode variar entre 8 e 12 semanas até o abate, a tilápia demora de cinco a seis meses. Para a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a tilápia tem tudo para se tornar o “novo frango”. Mas, antes, ainda precisa avançar em melhoramento genético e eficiência alimentar. Em relação a outros peixes, ela já é a preferida do mercado, por ser um produto fácil de processar e que pode ser entregue ao consumidor fresco ou congelado. Mas, o melhoramento genético do frango vem acontecendo há muitas décadas.
Ainda há todo um trabalho para ser feito na tilápia. Mesmo ainda sem esse avanço genético, a tilápia é uma espécie fácil de criar. Basicamente, precisa apenas de água e alimento. “O Brasil tem muita água para fazer isso, tem clima, e tem insumos para fornecer a ração. O Paraná é o estado que mais produz tilápia atualmente, com 209,5 mil toneladas em 2023. Bem atrás vêm São Paulo (75,7 mil toneladas), Minas Gerais (58,2 mil toneladas), Santa Catarina (44,6 mil toneladas) e Mato Grosso do Sul (32 mil toneladas). A Embrapa lembra ainda que, em algumas regiões do País, é possível fazer mais de dois ciclos de produção por ano do peixe, que além disso tem baixo custo de produção. Por ser onívora, a espécie não precisa de uma ração com tanta proteína animal como os peixes carnívoros, o que barateia o custo da alimentação. E ainda existe a vantagem da reprodução. Se deixar machos e fêmeas juntos em um mesmo tanque, eles se reproduzem naturalmente. Isso incentiva alguns produtores a se especializarem na produção de alevinos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.