17/Oct/2024
O mercado pecuário brasileiro tem vivido semanas que marcam a virada do ciclo. A intensidade e a duração das altas dos preços da carne, do boi gordo e demais categorias vêm surpreendendo. Essa mudança significativa das cotações do boi gordo tem impactado a indústria. Mesmo com a carne em elevação, a margem dos frigoríficos está menor. Os valores negociados na B3 até agosto deste ano dão uma ideia da distância entre o que operadores estavam estimando para esta entressafra e os patamares que têm se confirmado. Em meados de agosto, o contrato Outubro/2024, por exemplo, era negociado por volta de R$ 241,00 por arroba. No dia 15 de outubro, o ajuste foi de R$ 310,20 por arroba, diferença de quase 29% em dois meses.
Em São Paulo, no mercado físico, nesses mesmos dois meses (desde 15 de agosto), o preço médio do boi gordo registra avanço de 28,5%, refletindo negócios no mercado que saíram da casa dos R$ 233,00 por arroba em média, para os R$ 300,00 por arroba atuais. No mesmo período, a carne com osso no atacado de São Paulo tem valorização de 27,3%, passando da média de R$ 16,40 por Kg para R$ 20,88 por Kg (carcaça casada bovina à vista). Em dias corridos, os aumentos do boi gordo e da carne nos últimos dois meses são semelhantes, mas, quando analisadas as médias mensais, constata-se que, até o dia 15 de outubro, o boi gordo no estado de São Paulo esteve em R$ 291,45 por arroba, aumento de 14,1% em relação à média de setembro.
Para a carcaça casada bovina negociada no atacado, o acréscimo é de 11,3%, com média quinzenal de R$ 19,97 por Kg. Com isso, a diferença entre o “boi casado” (15 quilos de carcaça casada) no atacado de São Paulo e o boi gordo ao pecuarista está menor, impactando a margem dos frigoríficos de setembro para outubro. Na primeira quinzena deste mês, a diferença entre os valores médios do boi gordo (R$ 291,45 por arroba) e 15 quilos da carne bovina (R$ 299,55 por arroba) esteve em R$ 8,10. Na primeira quinzena de setembro, a arroba de carne bovina superou a de boi gordo em R$ 15,19. De janeiro a setembro deste ano, considerando-se os efeitos da inflação pelo IGP-DI de setembro/2024, a diferença média entre os preços do boi gordo e da carne bovina em São Paulo foi de R$ 12,76, com pico (carne valendo mais que o boi gordo) de R$ 15,23 em junho e mínima de R$ 7,93 em janeiro, semelhante à atual.
Preocupados com o possível recuo do consumidor diante dos novos preços, especialmente nesta segunda quinzena, período em que as vendas costumam arrefecer, os frigoríficos tentam resistir o quanto podem na abertura de cotações maiores aos pecuaristas, sobretudo aquelas unidades de abate que priorizam o mercado interno. As compras em regiões mais afastadas da planta de abate, a possibilidade de abater fêmeas no lugar de bois para atender ao mercado chinês e a entrada de novos lotes de confinamentos, a maior parte negociada antecipadamente, são estratégias usadas para aliviar a pressão por compras de boi gordo no spot em determinadas regiões. Mesmo assim, a oferta limitada de bovinos prontos para abate é generalizada e tem tido peso maior, resultando em novos aumentos de preços na maioria das regiões.
Em São Paulo, as negociações oscilam entre R$ 291,00 e R$ 310,00 por arroba à vista (já descontado o Funrural), com preço médio de R$ 299,25 por arroba no spot, alta de 9,1% no acumulado de outubro. Negócios acima de R$ 290,00 por arroba têm sido captados também nos estados do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, sendo que nestes dois últimos Estados há registros inclusive de negócios na casa dos R$ 300,00 por arroba. No mercado de carne, a carcaça casada bovina com osso no atacado de São Paulo acumula acréscimo de 11,7% na parcial do mês, com média de R$ 20,88 por Kg. Para a carcaça casada de vaca, a valorização é de 11,2% no mesmo período, a R$ 19,72 por Kg. Na primeira quinzena de outubro, o conjunto de corte que mais se valorizou foi o dianteiro, com alta de 14,5% passando para R$ 18,14 por Kg. A ponta da agulha tem alta de 11,8%, a R$ 17,81 por Kg. O traseiro está cotado a R$ 23,95 por Kg, aumento de 10% na parcial de outubro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.