15/Oct/2024
Foi no século XVII que a pecuária começou a se expandir para o interior do País, especialmente no Nordeste, impulsionada pela proibição da criação de gado próxima ao litoral. A proibição se deu em decorrência do aumento do rebanho, um problema para os produtores de cana, já que o gado ocupava espaços destinados às plantações. Isso levou a Coroa Portuguesa a emitir um decreto proibindo a criação de gado em uma faixa de 80 km da costa ao interior. Em 2022, a União Europeia, México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil responderam por 91,88% do mercado global de bovinos vivos. A participação brasileira foi de 3,7% (USDA). Quando consideramos apenas os países mencionados, a contribuição do Brasil foi de 4,1%.
Em 2023, a participação brasileira subiu para 7,2%. Em decorrência desse aumento e da retração na exportação dos Estados Unidos, o Brasil ascendeu para a 5ª posição entre os principais exportadores e aproximou-se de um de seus principais concorrentes, a Austrália. Durante a pandemia, o aumento do custo do frete marítimo, que é o principal modal de exportação dos bovinos vivos, fez com que os importadores optassem pelos rebanhos de regiões próximas. Em 2024, a quantidade exportada até setembro acompanhou o ritmo dos outros meses, com 761,8 mil cabeças embarcadas, superando todos os anos, com exceção de 2018. A expectativa é que a quantidade de bovinos vivos exportados aumente, tornando 2024 o maior deles. A recuperação da exportação de gado vivo é notável.
Em 2022, foram exportadas 150 mil cabeças, com faturamento de US$ 192,253 milhões. Em 2023, o volume aumentou 288,7%, e o faturamento aumentou 254,2% quando comparado a 2022. Foram embarcadas 583 mil cabeças, com faturamento de US$ 488,6 milhões (Secex). Nos últimos 11 anos (2013 a 2023), o faturamento foi de US$ 3,9 bilhões, com 4,7 milhões de cabeças embarcadas e um faturamento médio anual de US$ 358 milhões. Ao longo dos anos, o Pará tem mantido a liderança na quantidade de bovinos exportados. Em 2024, em setembro, o Estado respondeu por 38,7% da exportação, com 52,2 mil cabeças e um faturamento de US$47,7 milhões. Os principais portos para exportação foram "ALF - Belém", com 317 mil cabeças (porto de exportação do gado paraense), "Porto de Rio Grande", com 147,2 mil cabeças e "São Sebastião", com 111,7 mil cabeças embarcadas.
O contraponto à conquista do mercado de bovinos vivos é a oposição sistemática de organizações que se opõem a essa modalidade de negócio, pois não concordam com o transporte de rebanhos por longas distâncias, pensando do ponto do bem-estar animal, preocupação que justifica os protocolos para a exportação de gado em pé. Em resumo, o mercado de bovinos vivos é promissor, complementando o negócio pecuário nacional. O rebanho brasileiro atende às demandas dos compradores em qualidade, raça, quantidade e preço. Em 2024 a exportação de bovinos, atingiu até setembro, 761,8 mil cabeças, um aumento de 30,8% em relação a 2023. No entanto faltam três meses para o encerramento de 2024 e os números deverão aumentar. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.