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10/Oct/2024

Suíno: Itália enfrentando surtos de PSA e prejuízos

Na Itália, uma das fêmeas de Giovanni Airoli testou positivo para peste suína africana (PSA) no fim de agosto. Em uma semana, todos os 6,2 mil suínos de sua fazenda ao sul de Milão, Itália, foram abatidos sob protocolos rigorosos para conter a doença que ameaça a indústria de € 20 bilhões por ano (por volta de R$ 121,3 bilhões) de prosciutto (presunto cru), linguiças curadas e carne suína da Itália. Desde que a PSA apareceu na península em janeiro de 2022, a Itália abateu quase 120 mil suínos, três quartos deles apenas nos últimos dois meses, à medida que a emergência se intensificou. A região da Lombardia, no norte, é o epicentro da epidemia de PSA Itália. Ninguém pode entrar ou sair das fazendas, exceto funcionários, e esses sob rigorosos protocolos de higiene que exigem o uso de macacões e botas limpas dentro das instalações. A doença aumentou com 24 surtos no início de setembro, a maioria na Lombardia.

A área de maior preocupação, onde a infecção foi confirmada em suínos domésticos, se estende por 4,5 mil Km² e inclui as regiões vizinhas do Piemonte e da Emília-Romanha, uma região mundialmente famosa por seu renomado presunto de Parma. O impacto do surto de peste suína vai além. Os agricultores na área de 23 Km² também enfrentam restrições devido a javalis infectados ou por estarem em uma zona de contenção. A doença, que é quase sempre fatal para os suínos, inicialmente infectou javalis e rapidamente se espalhou para suínos domésticos. A Coldiretti, o poderoso grupo de lobby agrícola da Itália, estima que os danos à indústria até agora somam € 500 milhões (R$ 3 bilhões), em parte devido às proibições de importação, e alerta que alguns agricultores correm o risco de perder seus meios de subsistência. A propagação da PSA atingiu níveis alarmantes, colocando em risco não apenas a saúde dos suínos, mas todo o setor da suinocultura.

O governo nomeou um novo comissário especial para enfrentar a epidemia no verão. Dois comissários anteriores concentraram esforços no envio do Exército para caçar javalis, enfrentando resistência de caçadores esportivos e da União Europeia, que destacou que a caça poderia espalhar javalis infectados para novas áreas. Agora, o novo comissário impôs novas restrições ao acesso às fazendas e à movimentação de animais, e ampliou as zonas de contenção, medidas que parecem estar surtindo efeito. Na Lombardia, apenas um novo surto foi relatado durante a última semana completa de setembro. Para o Instituto de Saúde Animal da Lombardia e da Emília-Romanha, é um sinal positivo, mas ainda não é uma vitória. É preciso manter altos os padrões sanitários e isso ajudará a saúde dos suínos com melhores taxas de crescimento para os agricultores e menos antibióticos para os consumidores no futuro.

Assim que a PSA foi confirmada na Itália, 12 países, incluindo China, Taiwan e México, impuseram uma proibição imediata à importação de iguarias suínas italianas, como o presunto cru, independentemente de terem sido produzidas em uma área onde a doença foi detectada ou não. Japão, Coreia do Sul e outros quatro países limitaram as importações. Isso causou uma perda imediata de € 20 milhões (R$ 121,3 milhões) por mês em exportações para um setor que registrou € 2,1 bilhões (R$ 12,7 bilhões) em vendas no ano passado, segundo a Assica, a associação das indústrias de carne da Itália. Mercados como os Estados Unidos e o Canadá não pararam de importar produtos suínos, desde que viessem de áreas não afetadas pela PSA. Os agricultores que tiveram que sacrificar seus rebanhos não esperam retomar seu negócio de criação de cerca de 13 mil suínos por ano até que a PSA seja controlada.

E não há indicação de quando isso pode acontecer, impactando a produção de presunto da Itália. A disponibilidade limitada de pernas de suíno frescas está gerando fortes limitações na produção, segundo um comunicado do Consórcio do Presunto de Parma, que produz presunto com certificado de origem projetado para proteger alimentos de alta qualidade feitos por métodos tradicionais. A Fazenda Piggly, livre de antibióticos, na província de Mantova, na Lombardia, exige que os caminhões que transportam suínos sejam higienizados uma segunda vez quando entram na zona estéril onde os suínos são mantidos. É feita uma esterilização detalhada de todas as rodas e qualquer parte do caminhão que possa trazer contaminação. A Fazenda iniciou em 2017 com o objetivo de criar suínos com menos estresse e mais espaço. Este surto pode se transformar em uma oportunidade para melhorar a saúde e o bem-estar dos suínos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.