02/Oct/2024
Nos Estados Unidos, os fazendeiros estão aumentando a pressão sobre o governo Biden para que autorize a vacinação de galinhas, perus e vacas para protegê-los de infecções de gripe aviária que devastam rebanhos há três anos. Neste outono, os rebanhos da indústria avícola dos Estados Unidos, que movimenta US$ 67 bilhões, enfrentam pela primeira vez um risco duplo de infecções: através do rebanho leiteiro ou por aves migratórias, que podem disseminar ainda mais a doença. A gripe aviária, que é letal para aves e reduz a produção de leite em vacas leiteiras, eliminou mais de 100 milhões de galinhas e perus desde 2022, no maior surto dos Estados Unidos. A Rose Acre Farms, a segunda maior produtora de ovos dos Estados Unidos, quer que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (EUA) permita vacinações. A empresa perdeu milhões de galinhas em surtos e está transferindo para novo local uma instalação de reprodutoras, porque a atual fica ao lado de um refúgio de vida selvagem que atrai patos migratórios.
A disseminação do vírus para bovinos leiteiros em 14 estados e as infecções de 13 trabalhadores de fazendas de laticínios e aves neste ano preocupam cientistas e autoridades federais quanto aos riscos de uma maior disseminação para os humanos. Em uma carta de agosto, os principais grupos produtores de ovos, perus e laticínios do país argumentaram ao Secretário de Agricultura, Tom Vilsack, que o custo econômico do surto justifica a implantação de uma vacina. Os legisladores federais dizem que o USDA deve acelerar sua pesquisa de vacinas e desenvolver novos métodos para ajudar os fazendeiros a evitarem surtos. O USDA tem colaborado com agências estaduais e federais e pesquisadores para proteger o gado, fazendeiros e trabalhadores rurais e está pesquisando vacinas para animais. No entanto, Vilsack informou, em uma carta de março não citada anteriormente e direcionada aos membros do Congresso que uma campanha de vacinação enfrentaria desafios, incluindo potenciais barreiras às exportações.
Muitos países proíbem importações de aves vacinadas devido a preocupações de que a vacina possa mascarar a presença do vírus. A vacinação generalizada de aves comerciais não é possível no curto prazo, escreveu Vilsack na carta, que o grupo de bem-estar animal Farm Forward obteve por meio de uma solicitação de registros públicos. Um número crescente de países vem avaliando a possibilidade de vacinar suas aves, o que sempre foi um tabu. No ano passado, a França começou a vacinar patos contra a gripe aviária. A Nova Zelândia, que nunca teve um caso de gripe aviária, está testando uma vacina em cinco espécies de aves selvagens. No ano passado, os Estados Unidos aprovaram o uso emergencial da vacina contra a gripe aviária para proteger os condores da Califórnia. O único uso de uma vacina nos Estados Unidos é neste caso em particular devido ao grau de ameaça àquele pássaro selvagem, afirmou o USDA. Os Estados Unidos vacinaram 94 condores e viram as mortes por gripe aviária pararem.
A gripe aviária eliminou 17 milhões de galinhas poedeiras de abril a julho, de acordo com dados do USDA. Em agosto, os preços dos ovos no varejo ultrapassaram US$ 3,20 por dúzia e atingiram uma alta de 16 meses. A indústria de ovos precisará aumentar a oferta para reduzir os preços, mas o período migratório cria incerteza, afirmou a Eggs Unlimited. A temporada de migração de aves selvagens está em andamento e vai durar até dezembro, com aves aquáticas voando para o sul de estados do norte como Minnesota. Os patos-marrecos-de-asa-azul podem viajar até a América do Sul. O Brasil, maior exportador de frango do mundo, pode ter mais casos em aves selvagens devido às migrações. Aves migratórias podem carregar o vírus sem morrer e transmiti-lo para a avicultura comercial. No entanto, parece que menos aves selvagens estão sendo infectadas, provavelmente porque estão desenvolvendo imunidade. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.