30/Sep/2024
A peste suína africana (PSA) tem se mostrado uma das maiores ameaças ao setor suinícola global, e a recente infecção em uma fazenda no estado de Hesse, Alemanha, lança luz sobre os desafios enfrentados pelos produtores. O caso de um proprietário de uma fazenda mista com agricultura arável e criação de suínos, por exemplo, ilustra o impacto devastador da doença na economia rural e na segurança alimentar. A fazenda, que antes produzia cerca de 6.000 leitões desmamados por ano, teve sua operação drasticamente interrompida após a confirmação de PSA em alguns dos seus suínos. A infecção, detectada em javalis da região em meados de 2024, fez com que o criador enfrentasse uma proibição de transporte e, posteriormente, o sacrifício de todos os 2.600 suínos da propriedade.
Esse cenário refletiu a gravidade da situação na Alemanha, onde o surto da doença vem afetando não apenas as grandes explorações industriais, mas também pequenos e médios produtores locais. A PSA, que não representa risco para a saúde humana, mas é fatal para os suínos, continua sendo uma preocupação global, especialmente devido à sua rápida disseminação e à dificuldade de controle. Embora a doença já tenha causado sérios danos em regiões da Ásia e do Leste Europeu, sua chegada à Alemanha, um dos principais produtores de carne suína da Europa, acentua os riscos que ela impõe à suinocultura mundial. Os produtores enfrentam dificuldades nas zonas afetadas. A decisão de sacrificar os suínos segue o protocolo preventivo recomendado pelas autoridades sanitárias alemãs.
Essa medida visa evitar a propagação da doença para outras fazendas, mas traz consequências econômicas severas para os produtores, que não podem retomar suas atividades no curto prazo. A incerteza quanto à responsabilização pelos custos adicionais, como as despesas com a desinfecção das instalações, agrava ainda mais a situação. A PSA não é uma doença nova, mas os surtos recentes mostram que, apesar das cercas sanitárias e das medidas de prevenção, a transmissão pode ocorrer de maneiras inesperadas, como por aves de rapina, que podem transportar fragmentos de carcaças de javalis infectados, ultrapassando as barreiras físicas implementadas. A crise da PSA na Alemanha é parte de um quadro mais amplo. Desde que foi detectada pela primeira vez em regiões da África, a doença se espalhou rapidamente pelo mundo, atingindo fortemente o Sudeste Asiático e, mais recentemente, partes da Europa.
A Alemanha, com sua forte presença no mercado de exportação de carne suína, tem implementado medidas rigorosas para evitar que o surto se espalhe para outras regiões do país e da Europa. A presença de PSA na Europa já levou vários países a suspenderem temporariamente a importação de carne suína da Alemanha, afetando ainda mais a economia local. Além dos prejuízos diretos, o impacto indireto sobre o mercado também é considerável. Com a redução no número de suínos para abate, o preço da carne tende a subir, gerando um efeito cascata nos custos de produção e na cadeia de fornecimento de alimentos. A PSA é uma ameaça persistente, e o controle da doença dependerá não apenas de medidas rigorosas de biossegurança, mas também de políticas públicas eficazes que apoiem os produtores em momentos de crise.
A forma como os governos lidam com a compensação financeira e com a reestruturação do setor será crucial para a recuperação da suinocultura, especialmente em regiões altamente dependentes dessa atividade econômica. Enquanto isso, a prevenção continua sendo o melhor remédio. O fortalecimento das barreiras sanitárias e o monitoramento constante das populações de javalis são essenciais para evitar novos surtos. Mas, até mesmo as melhores defesas podem ser superadas por formas imprevisíveis de transmissão. Para os criadores afetados, o futuro permanece incerto e o setor suinícola global espera por soluções que possam conter a propagação da PSA de forma eficaz e sustentável. Fonte: Pig Progress. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.