19/Sep/2024
Ao longo de setembro, o mercado pecuário tem assumido nítido comportamento de entressafra. Em regiões importantes de comercialização do País, os preços do boi gordo acumulam ganhos entre 5% e 7% na parcial deste mês. Ao mesmo tempo, operadores do mercado atacadista de carne relatam melhora das vendas, e os valores da proteína têm subido com força. A estiagem prolongada e as queimadas em diversas regiões comprometeram severamente a disponibilidade de pastagens. A oferta para abate se resume basicamente a bovinos de confinamento ou, ao menos, de semiconfinamento.
Em regiões onde os confinamentos não são tão robustos quanto a capacidade de abate, os reajustes dos preços têm sido ainda maiores, e o diferencial em relação ao preço médio do boi gordo praticado em São Paulo está significativamente menor. Mato Grosso do Sul tem se destacado. Nas últimas semanas, alguns negócios chegaram a ser fechados acima das máximas do spot de São Paulo, o que não se repetiu nos últimos dias. Em agosto, o diferencial entre São Paulo e Mato Grosso do Sul foi de apenas R$ 3,21 por arroba. Na parcial de setembro, está em R$ 1,20 por arroba, muito distante dos R$ 21,73 por arroba de setembro do ano passado.
Os diferenciais de Goiás, Minas Gerais e do Paraná também apresentam forte redução, posicionando-se no menor ou em um dos menores patamares históricos. Em Mato Grosso, os preços ainda se mantêm distantes dos de São Paulo. Em julho, agosto e setembro, na média do Estado, houve, inclusive, aumento do diferencial. Um dos fatores que explicam esse comportamento é a disponibilidade interna de carne. Cálculos que consideram produção, importação e exportação por Estado mostram que o volume de carne bovina disponível em Mato Grosso de janeiro a agosto foi 74% maior que o calculado para Mato Grosso do Sul e 86% superior ao de Goiás, vizinhos também fortes na produção, mas que têm tido valorizações consistentes do boi gordo.
Das 28 regiões acompanhadas, Campo Grande (MS) tem liderado as altas. De agosto para parcial de setembro, o boi gordo já se valorizou 13%. As regiões de Dourados (MS), Triângulo Mineiro (MG), Goiânia (GO) e Rio Verde (GO) têm tido fortes aumentos de preços, acumulando ganhos entre 11% e 12,5% também desde o começo de agosto. Em Rondonópolis (MT) e principalmente em Cuiabá (MT), as altas estão por volta de 5%. Nos últimos sete dias, o preço médio do boi gordo em São Paulo, registra alta de 4%. Os valores em Goiânia (GO) e em Rio Verde (GO) apresentam quase o mesmo desempenho, com avanços de 3,8% e de 3,6% no período.
No Rio Grande do Sul, onde o boi é negociado por quilo, os preços têm superado os praticados em São Paulo desde fevereiro, com forte vantagem em junho, julho e agosto. Em setembro, a diferença registra significativa baixa, saindo de R$ 28,00 por arroba em junho para apenas R$ 2,66 por arroba em setembro. Essa diminuição reflete a recuperação em São Paulo e as quedas recentes no Rio Grande do Sul, na contramão do visto em praticamente todas as demais regiões brasileiras. Nesse Estado, é tradicional haver certo aumento da oferta com a retirada de bovinos de áreas que serão utilizadas para semeadura de grãos. Os preços caíram na semana passada e se mantêm estáveis agora. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.