13/Sep/2024
O Grupo Bom Futuro, um dos principais produtores de grãos do País, está apostando na integração lavoura-pecuária para impulsionar a produtividade na pecuária. O grupo adota a prática desde 2008 e viu um salto na sua eficiência produtiva. A taxa de lotação do grupo é de 5,5 animais por hectare, bem acima da média nacional, de 0,89 cabeças por hectare. A produtividade é de 23 arrobas em média por bovino, superior às 20 arrobas por bovino da média nacional. O Bom Futuro faz a rotatividade das áreas com o cultivo alternado entre soja, milho e braquiária (usada como capim para o gado). O consórcio começa com o plantio da soja em fevereiro, seguido pelo cultivo de milho 2ª safra conjunto com capim. Após a colheita de milho, o gado entra na mesma área com pasto. Outra opção é um cultivo de soja de ciclo mais longo, de 120 dias ante 105 dias, alternado com plantio de pasto. Atualmente, o ILP ocupa 49 mil hectares na Bom Futuro, o equivalente a 12% da sua área total, de 330 mil hectares.
O sistema, adotado desde 2008, para expansão da pecuária, acelera a produção e diminui a pegada de carbono da atividade, além de permitir mais de um faturamento sobre a mesma área. O sistema ILP traz eficiência, redução de preços de custo com autossuficiência operacional e poupa a abertura de novas áreas com uma safra a mais na mesma terra. O ILP diminui a pressão do desmatamento. A Fazenda Agromar é um dos polos de produção pecuária do grupo, localizada em São José do Rio Claro, a cerca de 270 Km de Cuiabá (MT). Além da rotatividade da área, a produção conjunta integra também o uso de resíduos das lavouras na alimentação e cobertura animal, como o caroço de algodão. O Bom Futuro é o maior ILP, produzindo 120 Kg de carne por cabeça nessas áreas, elevando a taxa de ocupação e tirando a pressão sobre o desmatamento. O ILP permite também um ciclo mais rápido de confinamento do gado. No sistema, o boi fica pronto para o abate em 22 a 24 meses, enquanto o tempo habitual seria de 48 meses.
Isso diminui o tempo de vida do bovino e consequentemente sua emissão de metano e a pegada de carbono. A qualidade do produto final melhorou com marmoreio e maciez da carne, fora a melhor saúde e bem-estar animal. O grupo empresarial da família Maggi Scheffer possui 35 unidades de produção agropecuária em Mato Grosso, distribuídas em seis regiões do Estado. Do total, 20 propriedades contam com produção pecuária. A área total plantada pelo grupo é de 600 mil hectares em duas safras, sendo em média de 330 mil hectares de soja, 92 mil hectares de algodão e 70 mil hectares de milho segunda safra. Outros 42,48 mil hectares são de pastagens definitivas. O grupo contabiliza ainda 288 mil hectares entre reserva legal e áreas de preservação permanente. Na pecuária, o Bom Futuro atua sobretudo com recria e engorda de gado de corte com rebanho em média de 151 mil bovino. Sem ILP, a capacidade de rebanho seria de 60 mil cabeças a menos. O ILP dobrou a capacidade de suporte de rebanho.
O próprio rebanho do Bom Futuro cresceu com a intensificação a partir da integração lavoura e pecuária. O rebanho passou de 119,377 para 136,564 mil bovinos ao fim de 2023. Atualmente, tem plantel de 152,312 mil cabeças. Até julho, o grupo direcionou 75 mil bovinos para o abate. A expectativa é destinar 120 mil cabeças para abate neste ano, superior à média de 104 mil cabeças reportadas no ano passado. A operação de pecuária do Bom Futuro consome 3,5 milhões de sacas de 60 Kg de milho por ano para alimentação do rebanho, com média de 790 toneladas de ração por dia. Hoje, o rebanho da Bom Futuro é 85% da raça nelore e 15% da variedade angus. O Bom Futuro possui rastreabilidade individual de todo seu rebanho com brinco, desde 2004, dentro do modelo Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). Pela rastreabilidade individual, é possível saber todo o caminho do boi, do bezerro à saída do confinamento, da origem direta à indireta.
Com o controle individual, é possível separar o bovino proveniente de área adequada daquele eventualmente originário de área irregular. A rastreabilidade individual tem importante valor em um sistema de grande volume. No brinco individual, constam informações do bovino como o caminho do manejo, histórico de vacinas e medicamentos, a movimentação de compra e transferência. “É o RG do boi”. Em paralelo à rastreabilidade, o grupo empresarial adota política de compliance compra a compra dos bois indiretos e não apenas por fornecedor. São cruzados os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) com a guia de trânsito animal (GTA) e nota fiscal. Se fizer comercialização de bovino de área desmatada ilegalmente, estaria fomentando irregularidade. Por isso, todo bovino é verificado. Entre as estratégias de intensificação e sustentabilidade, o grupo investiu R$ 3,5 milhões em um confinamento coberto com capacidade estática para 1,2 mil bovinos.
A instalação fornece ao gado maior conforto térmico e acelera o confinamento no período chuvoso, podendo ferrar quatro ciclos de confinamento por área. A estrutura deve operar em cerca de 40 dias na Fazenda Agromar. A estrutura coberta possui uma cama de compostos para o gado, isolante térmico na cobertura e ventiladores. O material posteriormente será utilizado para fertilização das lavouras, com previsão de tratamento de 3,3 mil hectares a partir do composto rico em fósforo, potássio e nitrogenado. É a primeira vez no Brasil que um confinamento coberto será usado para gado de corte. A cama sobre a qual o gado será confinado será composta por cavaco, capulho de algodão e outras matérias-primas reaproveitadas da lavoura. O confinamento coberto amplia a integração entre lavoura e pecuária e impulsiona o bem-estar animal, que tem relação direta com a produtividade e com a qualidade da carne. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.