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09/Sep/2024

Suíno: Circovírus ameaça rentabilidade dos plantéis

O Circovírus suíno tipo 2 ou PCV2, como é mundialmente conhecido, apesar de pequeno, é o menor vírus de replicação livre conhecido entre todos os vertebrados, mas seus impactos podem ser enormes. Conhecido há mais de duas décadas, o PCV2 está envolvido com uma ampla gama de doenças e problemas de produção em suínos, principalmente na síndrome de definhamento multissistêmico pós-desmame (PMWS), síndrome da nefropatia por dermatite suína (PDNS) e problemas reprodutivos associados ao vírus. Na situação atual, sua atuação no complexo de doenças respiratórias suínas (PRDC) e na doença subclínica tem desafiado a sanidade e a lucratividade dos plantéis. Outro ponto a salientar é a capacidade do PCV2 de envolver outros patógenos no desencadeamento do quadro clínico, destacando a natureza complexa e multifatorial da Doença Associada ao PCV2 (PCVAD). O vírus afeta o funcionamento do sistema imunológico dos suínos, e seus impactos imunomoduladores são observados tanto na patologia clínica quanto na exacerbação de outras doenças já presentes no rebanho.

Alguns estudos também indicam que a infecção pelo PCV2 pode comprometer a resposta a outras vacinas. A forma mais comum da doença causada pelo PCV2 é a subclínica, onde não há sinais clínicos claros, com mínimas lesões e moderada ou baixa quantidade de vírus presente, mas associada a perda de desempenho, como a redução no ganho de peso médio diário. O custo da infecção subclínica do PCV2 é de 8,10 libras por suíno afetado, o que equivale a uma perda de R$ 58,60 por suíno. As perdas causadas pela infecção subclínica nem sempre são evidentes, pois o crescimento dos suínos afetados, embora abaixo do potencial genético, pode ser percebido como “normal”, comprometendo a rentabilidade da produção. Se considerar um plantel de 1000 matrizes, onde 20% da produção é afetada pela infecção subclínica, as perdas anuais podem ultrapassar 45 mil libras, ou R$ 325,8 mil. A definição para casos subclínicos envolve suínos infectados com PCV2, que não apresentam PMWS clínica, mas possuem crescimento reduzido e maior susceptibilidade a coinfecções.

A ocorrência de surtos e a doença subclínica em grande escala têm desafiado veterinários e pesquisadores, especialmente em suínos vacinados com vacinas compostas por PCV2a. Estudos sobre a diversidade gênica do PCV2 sugerem o envolvimento de genótipos heterólogos em relação às vacinas aplicadas. Em um estudo com 11 suínos de granjas da Região Sul do Brasil com doença sistêmica de PCV2, foi identificada a presença de PCV2b (81,8%) e PCV2d (18,2%). Alterações de aminoácidos importantes para o reconhecimento de anticorpos foram encontradas na comparação entre as sequências, o que pode indicar uma ligação ineficiente de anticorpos, sendo um fator relevante nas falhas de proteção desses suínos. Análises recentes mostram que até 25% das cepas de campo do PCV2 são recombinantes de diversos genótipos, o que reforça a importância de uma proteção ampla ao selecionar uma vacina contra o vírus. A recombinação ocorre quando dois vírus co-infectam uma célula e geram descendentes com frações de ambos os pais.

Até 2011, os genótipos PCV2a e PCV2b eram os mais relatados, mas desde 2014 o PCV2d passou a ser o mais prevalente globalmente. No Brasil, um estudo analisou 27 amostras clínicas coletadas em 2019 de rebanhos vacinados em cinco estados, que apresentavam sinais de doença associada ao PCV2 (PCVAD). Após o sequenciamento, 33,3% das amostras foram classificadas como PCV2b e 66,7% como PCV2d. A rápida evolução do PCV2, com uma alta percentagem de vírus recombinantes, reforça a importância de uma ampla cobertura vacinal. Um estudo comparou a cobertura antigênica de duas vacinas comerciais, avaliando sua eficácia contra cepas recombinantes de campo de PCV2. A primeira vacina, bivalente, contém PCV2a e PCV2b, enquanto a segunda contém apenas PCV2a. Através da análise EpiCC, que avalia a resposta imunológica baseada em epítopos de células T, a vacina bivalente apresentou uma cobertura 38% maior contra as cepas de campo predominantes, em comparação com a vacina contendo apenas PCV2a. Fonte: Agrimídia. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.