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09/Sep/2024

Grupo Patense entrou em Recuperação Judicial

O Grupo Patense, que processa resíduos de origem animal para fabricação de rações, óleo para a indústria de higiene e limpeza e biocombustíveis, entrou em recuperação judicial, com dívidas de R$ 1,37 bilhão. Estão incluídos no processo 13 empresas do grupo com sede em Patos de Minas (MG) e 9 produtores rurais da família do fundador, Clênio Gonçalves. O pedido foi deferido pela 1ª Vara Cível da Comarca de Patos de Minas. Foi determinada a suspensão por 180 dias de todas as ações e execuções de dívidas contra o grupo. O advogado Daniel Thiago da Silva foi nomeado administrador judicial, com remuneração fixada em 0,7% do passivo da recuperação judicial, ou R$ 9,6 milhões. O banco de investimento norte-americano Houlihan Lokey atua como assessor financeiro do Grupo Patense e o escritório TWK Advogados é o assessor jurídico. Da dívida total, aproximadamente R$ 500 milhões referem-se a Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), emitidos pela Eco Securitizadora de Direitos Creditórios do Agronegócio e distribuídos pela XP Investimentos.

Cerca de R$ 400 milhões são dívidas com bancos. Outros R$ 400 milhões são dívidas com fornecedores. As dívidas trabalhistas giram em torno de R$ 2 milhões. Entre os maiores credores estão BTG Pactual, Banco Safra, Wealth High Governance (WHG), fundo Gama FIP Multiestratégia e Gomes da Costa. Fundado em 1970, o Grupo Patense atua no processamento de resíduos de bovinos, suínos, aves e pescados para produção de ração animal, óleos e biocombustível. Farinhas de vísceras de aves, de peixes, de penas hidrolisadas, de sangue, sebo bovino, óleo de peixe e graxa branca suína fazem parte dos produtos. O grupo possui 12 unidades industriais em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e emprega 2.280 pessoas. Dono das marcas Farol Proteínas e Gorduras, Pets Mellon, Originalis Biotech, BioSea Produtos Agroecológicos e Zoomies Pet Care, o grupo fechou 2023 com receita de R$ 1,3 bilhão. No pedido de recuperação judicial, o Grupo Patense alegou gastos inesperados para consolidar aquisições e despesas crescentes com juros como principais fatores de drenagem do caixa e atrasos no pagamento de dívidas, obrigando grupo a buscar proteção judicial.

Nos últimos anos, o grupo quis consolidar a operação e fez dez aquisições entre 2021 e 2023, entre elas a Sebbo Passofundense Indústria e Comercio de Adubos e Fertilizantes e a Farol Indústria e Comércio. O fato, no entanto, é que algumas das plantas adquiridas exigiram investimentos além do esperado, levando-as a não performar da maneira que se anunciava. O grupo também relatou queda no preço das gorduras e proteínas em mais de 40% em 2023 e aumento de despesas fixas diárias, como os gastos com manutenção dos mais de 400 veículos usados para coleta de resíduos de abates de animais. Em outras palavras, as plantas deficitárias, a alta alavancagem financeira e o custo das dívidas corroendo seus resultados operacionais levaram os requerentes a se depararem com uma situação insustentável de caixa. Houve ainda aumento nas despesas financeiras com a alta dos juros. A taxa Selic passou de 2% para 13,75% no intervalo entre janeiro de 2020 e agosto de 2022. Novos empréstimos foram contraídos ou renegociados e o capital de giro foi consumido. Em junho deste ano, o grupo pediu na justiça o bloqueio da execução de dívidas por 60 dias, enquanto buscava uma negociação extrajudicial para dívidas de R$ 2,17 bilhões. Mas, as negociações com os credores fracassaram.

Uma fonte a par das negociações afirmou que o Grupo Patense tem um negócio robusto e com condições de dar lucro, havendo, por tanto, chances de uma recuperação judicial bem-sucedida. O processo, no entanto, deve ser complexo, devido ao número elevado de credores. São mais de mil credores que investiram nos CRAs da empresa, a maioria pessoas físicas. O grupo terá que realizar assembleias com os credores dos CRAs para definir o alongamento e pagamento das dívidas com esse grupo, para em uma segunda etapa discutir a proposta de recuperação judicial na assembleia geral de credores do grupo. De acordo com fontes a par das negociações, o grupo avalia alternativas para quitar as dívidas, como venda de parte dos ativos, fusão ou venda de parte do negócio, pedido de desconto e alongamento das dívidas com fornecedores. O mais provável é que adote um conjunto dessas medidas. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.