06/Sep/2024
O mercado lácteo tem passado por vários desafios. O ano de 2023 foi marcado por uma queda nos preços e importações em níveis recordes, que impactaram fortemente o setor. Apesar disso, o setor conseguiu crescer cerca de 2,5% na captação formal do ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O ano de 2024, também iniciou com dificuldades e com resultados positivos na captação. Com um total de 6,21 bilhões de litros de leite captados no trimestre, a variação em relação ao 1º trimestre de 2023 chegou a 3,3%. Vale ressaltar que parte da variação se deve ao fato de 2024 ser um ano bissexto e o mês de fevereiro ter um dia a mais, sendo assim, a variação obtida ao igualar o número de dias do 1º trimestre de 2024 e o mesmo período de 2023 foi de 2,2% É difícil analisar o setor lácteo sob uma única perspectiva, pois o setor é muito heterogêneo.
A cadeia do leite envolve produtores e indústrias de laticínios de diferentes portes e mercados, o que dificulta tanto as discussões sobre políticas comuns quanto a coordenação eficiente entre produtores e indústria. Apesar das dificuldades, a cadeia leiteira está passando por uma transformação intensa de tecnologia, produtividade e eficiência. Como dessa transformação, pode-se citar os investimentos em sistemas confinados. A questão central para os produtores hoje é entender o que precisa ser feito em seus negócios para se manterem relevantes e competitivos no futuro. Apesar das crises, ainda há produtores crescendo e investindo na atividade. Um dos maiores desafios, além da complexidade do setor, são os custos de produção, que aumentaram acima da inflação geral, quando se analisa os últimos 15 anos. O jeito de contornar isso é aumentar a eficiência para tentar ganhar um pouco dessa perda de competitividade.
Os laticínios não conseguem repassar esses custos ao consumidor final sem prejudicar o consumo, além de aumentar a vulnerabilidade em relação às importações. Se os preços aumentarem muito, para compensar o aumento dos custos, ocorrerá uma queda no consumo de um lado e fragilização em relação as importações. Sobre o impacto das importações e a competitividade internacional, historicamente, o Brasil não é competitivo no mercado internacional de lácteos. Práticas de países vizinhos, como a Argentina, conseguem reduzir os custos de produção de leite por meio de políticas internas, tornando seus produtos mais competitivos. A maneira de resolver isso, estruturalmente, é aumentar a competitividade média. O Brasil tem produtores muito competitivos, que possuem o padrão de custos e eficiência compatível com os melhores produtores de outros países. O problema é que isso não é a média ainda, a ineficiência média está refletida nos preços.
Embora o primeiro semestre de 2024 tenha sido mais desafiador que o mesmo período de 2023, o segundo semestre de 2024 trará uma melhora na rentabilidade, graças à queda nos custos de milho e soja e a preços superiores aos do segundo semestre de 2023. Haverá melhor rentabilidade ao produtor se considerando as tendências. No entanto, é importante não se acomodar, devido à incerteza política e econômica que pode impactar o consumo e os preços no varejo. É preciso pensar em ações de longo prazo, voltadas para a melhoria da produtividade, da eficiência dos fatores de produção e da gestão financeira. O setor precisa atrair mais investimentos. Programas de sustentabilidade, como a produção de biogás e a integração de culturas, têm um enorme potencial para beneficiar o setor. O setor lácteo deve investir mais tempo planejando seu futuro, evitando focar apenas em questões de curto prazo, como importações e tributações. Foi ressaltada a importância da digitalização e da inclusão dos pequenos produtores nesse processo, destacando o papel das cooperativas, entidades e empresas na fomentação do processo. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.