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04/Sep/2024

Frango: Brasil atende as demandas de importadores

O Brasil é um dos principais players no cenário global de exportação de alimentos. Nesse contexto, no que tange à avicultura, a responsabilidade de atender às demandas dos países importadores impõe desafios para a cadeia produtiva brasileira. Um desses casos é a União Europeia, um dos nossos principais importadores e que adota rigorosas práticas e regulamentos os quais impactam diretamente os produtores brasileiros. Um exemplo é a abolição do uso de promotores de crescimento, prática banida aos produtores europeus desde 2006. Porém, em 2022, o bloco econômico deu mais um passo à frente ao implementar a regra da reciprocidade, e passou a exigir dos exportadores padrões semelhantes. Como resultado, empresas brasileiras precisaram ajustar seus processos e eliminar o uso de antibióticos promotores de crescimento. Apesar de ainda haver autorização e liberação para o uso dessas moléculas no Brasil, já é realidade o uso dos alternativos para o atendimento desses mercados. A abolição do uso de antibióticos não é mais uma exigência exclusiva europeia.

Assim, no País, é possível encontrar produtores em diferentes estágios. Em uma ponta há quem já utiliza alternativas há anos, seja para atender às exigências externas ou para alcançar nichos específicos do mercado interno; e, na outra, aqueles que preferem continuar fazendo uso dos promotores de crescimento enquanto for permitido. Entre esses, a resistência à adoção de alternativas se dá muitas vezes devido à falta de conhecimento e ao custo dessa transição, pois, de fato, são consideravelmente mais onerosos em comparação aos promotores tradicionais. O cenário vivenciado hoje no Brasil começou a ser moldada há 18 anos. Quando a Europa começou a recomendar novas estratégias, muitos se perguntavam se isso chegaria ao País. E chegou. Porém, os aditivos alternativos são a ‘cereja no bolo’. O grande desafio para os produtores brasileiros, portanto, é integrar todas as áreas envolvidas na produção avícola, desde a nutrição até o manejo, passando pela ambiência e sanidade, para, aí sim, alcançar o cenário ideal e atender tanto às demandas do mercado internacional quanto às exigências emergentes no mercado interno.

Mas, é preciso deixar claro a premissa: nenhum aditivo sozinho resolverá todos os problemas. Ou seja, sem uma abordagem integrada, a qual envolva nutrição, ambiência, manejo e cuidados sanitários, não será possível alcançar melhores resultados. Sempre foi necessário combinar diferentes estratégias. A vacina é um aditivo que é usado há muito tempo na avicultura, sem que se deixe de lado outras medidas. Aliado a isso, cada propriedade é única e com desafios particulares. Diante disso, obviamente, o protocolo de retirada dos antibióticos também é único. Não existe nada fixo. É preciso entender a realidade da granja, pois nenhum desses aditivos alternativos é tão simples de aplicar e validar como os antibióticos. A complexidade dos desafios de campo exige uma compreensão em detalhes de cada situação, pois, enquanto os promotores de crescimento têm um espectro de ação amplo, cobrindo uma variedade maior de desafios, os aditivos alternativos tendem a ser mais direcionados. O posicionamento incorreto de um aditivo pode não só resultar em falta de resposta, mas também levar à falsa conclusão de que o aditivo não é eficaz, quando, na verdade, ele simplesmente não está sendo usado para o desafio correto.

É imprescindível conhecer de forma profunda toda a cadeia produtiva. Entender os desafios permite utilizar os aditivos de forma adequada. Fica claro, portanto, como o sucesso depende de um trabalho de base, o que inclui práticas de manejo e ambiência, assim como atenção à qualidade das matérias-primas utilizadas na nutrição. Quando se fala de um programa de retirada dos promotores de crescimento, tudo isso precisa andar junto. A qualidade das matérias-primas, como soja, milho e, especialmente, a água, é um ponto destacado, pois pode potencializar ou limitar a eficácia dos aditivos. E o argumento é simples: uma pequena quantidade do aditivo alternativo é inserida em um volume grande de matéria-prima. Diante de um amplo cenário de possibilidade de soluções disponíveis no mercado, uma evolução gradual do uso é apontada pelos especialistas como o caminho ideal a ser seguido. Essa abordagem permite ao produtor conhecer os aditivos alternativos e identificar aqueles mais adequados para sua realidade. Nesse período de transição, o medo do desconhecido é natural.

A psicologia ensina que o novo geralmente gera desconforto. Neste caso, quando se opta pela substituição dos promotores, todas as áreas envolvidas na produção avícola precisam ser revisitadas. Esta é uma mudança necessária e imprescindível. Um programa de promotores é geralmente definido pelo sanitarista; no caso dos aditivos alternativos, é preciso um trabalho integrado entre nutricionistas e sanitaristas. O sucesso no uso dos aditivos não depende apenas do conhecimento técnico na escolha dos aditivos, mas também da eficiência na gestão de todas essas áreas, sendo inviável sem a colaboração entre essas áreas. Na teoria, está claro como o produtor precisa compreender seus desafios e, a partir das informações disponíveis, entender como integrar os aditivos alternativos às suas necessidades no campo. Quem oferece o produto precisa conhecer de forma profunda o que está vendendo e ser capaz de apresentar ao cliente exatamente o que aquele aditivo pode oferecer, detalhando a forma de uso e os desafios específicos que aquela solução foi desenvolvida para atender.

Embasado de todas essas informações, e do próprio sistema produtivo, o produtor precisa se fazer três perguntas: Qual é a efetividade do produto? Qual é a viabilidade operacional (por exemplo: deve ser adicionado na ração, na água, ou aplicado via spray)? E, finalmente, qual é o custo-benefício? Muitas empresas e indústrias esperam um mapa completo antes de iniciar qualquer mudança. Mas não é assim que funciona. Assim, a segurança na escolha do aditivo alternativo não significa ter certeza absoluta, mas estar disposto a redirecionar se os resultados não forem os esperados. Especialistas estão otimistas quanto à capacidade da avicultura brasileira superar mais esse desafio. O Brasil é uma referência global na produção de aves, e isso se deve, em grande parte, às exigências dos importadores. Eles criam as demandas, e o Brasil atende. Fonte: AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.