04/Sep/2024
Milhares de animais da pecuária perderam a vida nos incêndios no interior de São Paulo. Focos de fogo possivelmente criminosos se alastraram rapidamente entre canaviais e propriedades rurais, devido ao forte vento e à estiagem. Em um único assentamento na área rural de Pradópolis, as chamas vitimizaram diretamente 217 suínos, frangos e galinhas. Em Santo Antônio do Aracanguá, ao menos 43 bois morreram carbonizados em uma fazenda. Além das consequências diretas, os incêndios também causaram problemas logísticos e de infraestrutura que já impactaram milhares de animais. Na estrada entre Batatais e Ribeirão Preto, 2.000 frangos morreram em três caminhões parados nos bloqueios causados pelo fogo. A situação foi agravada pela alta temperatura.
Confinados por cercas ou em caminhões, muitos desses animais sequer tiveram a chance de fugir. Em casos como esse, é crucial destacar que os animais criados pela pecuária são tão vítimas quanto os animais silvestres. Em uma fazenda em Itirapina, cerca de 70 bois conseguiram romper a cerca para fugir do fogo. Outros não tiveram a mesma sorte. Em Ribeirão Preto, a Defesa Civil relatou que vacas e suínos presos em um curral não conseguiram escapar das chamas. O mesmo ocorreu em Boa Esperança do Sul, onde 10 suínos e 1 bezerro foram mortos pelo incêndio que se alastrou rapidamente. Casos semelhantes foram registrados em Santa Isabel e em um haras tomado pelo incêndio em Guapiaçu. “Abram suas porteiras, é uma questão de vida”, suplicou a prefeita do município de Lucélia, em um apelo feito aos produtores rurais no rádio.
A Defesa Civil declarou que ainda está levantando o número total de animais impactados pela tragédia nas cidades da região. Mesmo os animais que sobreviveram agora correm risco de sofrer com a falta de alimento em áreas de pasto amplamente devastadas pelo fogo, como já vem ocorrendo no Pantanal. Em apenas dois dias, segundo o Inpe, São Paulo registrou quase 7 vezes mais incêndios do que em todo o mês de agosto de 2023 e mais focos do que todos os meses de agosto desde 1998. Foram 2.300 focos de incêndio só no fim de semana, queimando mais de 20 mil hectares e deixando 48 cidades do interior de São Paulo em alerta máximo para queimadas. É uma tragédia de proporções imensuráveis.
Lamentavelmente, este não é um caso isolado, como se viu nos incêndios no Pantanal e nas enchentes no Rio Grande do Sul, onde mais de 1 milhão de animais da pecuária foram impactados. Segundo a ONG Sinergia Animal no Brasil, é preciso urgentemente estabelecer planos de contingência eficazes que incluam esses animais em casos emergenciais e repensar os sistemas alimentares para combater a crise climática. A Sinergia Animal é uma organização internacional que trabalha em países do Sul Global para diminuir o sofrimento dos animais na indústria alimentícia e promover uma alimentação mais compassiva. A ONG é reconhecida como uma das mais eficientes do mundo pela renomada instituição Animal Charity Evaluators (ACE). Fonte: DePropósito Comunicação de Causas. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.