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04/Sep/2024

Leite: principais tendências de mercado em 2025

Tomar decisões mais assertivas, estruturar a operação e se posicionar para obter o máximo desempenho de acordo com o momento de mercado é um desafio e tanto para indústrias e produtores no mercado lácteo. Nesse sentido, interpretar as principais tendências do mercado lácteo é fundamental para que os agentes possam traçar estratégias mais assertivas e antecipar os movimentos que devem ocorrer. Nos últimos anos, o produtor de leite precisou lidar com uma mudança de patamar nos seus custos de produção, que se tornaram significativamente mais elevados. Em alguns momentos, o preço recebido pelo leite não acompanhou essa elevação, pressionando as margens da atividade. Apesar desses desafios, em 2024, a rentabilidade dos produtores ganhou um pouco mais de fôlego, com a valorização do preço do leite e a estabilização dos custos de produção, construindo um momento mais favorável para a produção.

Um dos fatores que contribuíram para a estabilização dos custos de produção é o preço dos grãos. O milho e a soja, amplamente utilizados nas fazendas leiteiras, são os principais componentes do custo de alimentação das vacas, que, por sua vez, representam a maior parcela dos custos na atividade leiteira. Após o boom nos preços do milho e da soja no pós-pandemia, o custo desses insumos para o produtor de leite voltou a cair no último ano, aliviando parte dos custos de produção. Para 2025, o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG) reforça a perspectiva de um aumento na oferta de grãos, tanto no Brasil quanto no exterior, o que deverá manter os custos desses insumos sob controle. Assim, os produtores devem sustentar um patamar favorável de rentabilidade na transição de 2024 para 2025, estimulando a produção nacional de leite.

As importações preocupam, pois observa-se a crescente participação de lácteos importados no consumo interno nos últimos anos. O Grupo Interfood destacou que o Brasil deve continuar sendo um comprador importante de lácteos da Argentina e do Uruguai, países que tendem a seguir buscando atender ao mercado brasileiro. Entretanto, outros mercados compradores têm aumentado a demanda por produtos do Mercosul, o que pode reduzir a disponibilidade para envios ao Brasil. Esse aumento na participação de outros mercados nas exportações da Argentina e do Uruguai já pode ser observado neste ano, especialmente em produtos como o leite em pó. Ao observar as participações relativas do Brasil e Argélia no total exportado de leite em pó integral em 2023 e na parcial até o momento deste ano, percebe-se que a participação do Brasil saiu de 58% para 45%. Enquanto o volume destinado à Argélia saiu de 21% para 36%.

Para 2025, a maior destinação para outros mercados e a menor participação do Brasil podem continuar ocorrendo, influenciadas por diversos fatores, incluindo a questão da logística mundial. Algumas das principais regiões importadoras de lácteos, como o Oriente Médio e o Norte da África, vêm enfrentando conflitos na região do Mar Vermelho, o que dificulta (e encarece) as compras de lácteos da Oceania. Isso faz com que esses países intensifiquem suas compras de produtos do Mercosul. Outro fator importante é o aumento da demanda de alguns países compradores nos últimos meses, como a própria Argélia e a China. No último leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), observou-se uma expressiva valorização dos preços dos lácteos, com o leite em pó integral, por exemplo, alcançando um dos maiores níveis desde outubro de 2022.

Apesar dessas altas recentes no mercado internacional, o Brasil continua pagando preços superiores aos demais mercados, mas essa diferença está bem mais estreita do que no passado recente (como em 2023 e início de 2024). Nesse cenário, as importações brasileiras devem continuar sendo uma parte importante da oferta, mas com volumes um pouco menores do que nos últimos dois anos. Do lado da demanda, o momento é mais positivo. Após um final de 2023 marcado por quedas nos preços e margens espremidas em toda a cadeia, o ano de 2024 tem sido mais favorável para o consumo. Um dos fatores que contribuiu para um consumo mais aquecido foi a expansão do mercado de trabalho e o aumento da renda da população. De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em junho, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,9%, o menor nível dos últimos 10 anos. Nesse período, o rendimento médio dos trabalhadores também cresceu, resultando em uma massa salarial total maior no mercado.

Nesse cenário de renda mais robusta, os lácteos têm se beneficiado. A Scanntech apresentou dados sobre o desempenho da cesta de lácteos no varejo durante o 1º semestre do ano, destacando os impactos positivos no crescimento das vendas de queijos e iogurtes, por exemplo. Por outro lado, também evidenciou que esse desempenho favorável não se aplica a todas as categorias, com alguns produtos, como leite UHT e leite condensado, enfrentando dificuldades para crescer no mercado. Para 2025, o ímpeto de consumo dos consumidores tende a esfriar. Segundo a G5 Partners, o cenário de consumo para 2025 deve se aproximar da estabilidade ou apresentar crescimentos modestos. Isso se deve ao fato de que o mercado de trabalho não deve ter expansões adicionais, os juros permanecerão elevados e o poder de compra não deverá passar por melhorias expressivas como as observadas no último ano. Nesse cenário, as principais tendências de mercado para 2025 são:

- Produção: com uma conjuntura de rentabilidade mais favorável, a produção de leite deve iniciar 2025 de forma mais estimulada;

- Importações: o Brasil deve enfrentar uma concorrência maior com outros mercados pelos produtos do Mercosul, o que provavelmente resultará em uma diminuição no volume importado pelo Brasil em relação aos níveis atuais;

- Oferta Geral: apesar da expectativa de importações menores, o crescimento da produção interna deve aumentar a oferta geral de lácteos no Brasil, deixando o mercado mais abastecido;

- Consumo: após um crescimento significativo em 2024, a expectativa para o próximo ano é de que o consumo seja menos aquecido em relação aos níveis atuais.

Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.