02/Sep/2024
No mercado brasileiro, há uma diferença significativa no preço recebido pelo leite entre pequenos e grandes produtores. Apesar de seguirem a mesma tendência, os produtores menores (0-200 litros/dia) recebem, em média, cerca de R$ 0,50 por litro a menos comparado aos maiores produtores (>5.000 litros/dia). Essa diferença é amplificada pelo sistema de bonificação por volume, que oferece incentivos financeiros proporcionais à quantidade de leite entregue. Embora o objetivo da bonificação por volume seja estimular a produção, na prática, ela acaba beneficiando mais os grandes produtores. Estes, já possuem a vantagem de diluir custos fixos e operacionais devido à maior escala de produção, resultando em economias de escala.
Combinado a isso, eles também recebem um valor adicional pela bonificação, o que fortalece ainda mais sua posição competitiva. No entanto, essa política de bonificação por volume começa a perder sua efetividade no contexto atual, onde o número de produtores médios e grandes vem crescendo, aumentando a concentração da produção de leite. Isso implica que mais produtores se qualificam para a bonificação, gerando um custo extra para as indústrias, que passam a pagar mais a um número crescente de fornecedores.
Assim, a bonificação por volume deixa de fazer sentido em muitos casos, criando um sobrecusto sem necessariamente melhorar a eficiência geral do setor. Diante disso, uma alternativa eficaz poderia ser considerar a reorientação dos incentivos para outros indicadores, como a qualidade e a composição do leite, práticas de sustentabilidade, bem-estar animal, e redução de impactos ambientais. Essas mudanças poderiam promover um mercado mais equilibrado e competitivo, beneficiando não apenas os grandes produtores, mas também os pequenos e médios, e atendendo às demandas por produtos de maior qualidade e sustentabilidade. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.