23/Aug/2024
De acordo com dados da Ponta, empresa de tecnologia focada na gestão da informação e da precisão na pecuária, responsável pelo gerenciamento de informações de mais de 7 milhões de cabeças de gado por ano em todos os sistemas produtivos, o volume de gado bovino em confinamento cresceu 32% nos primeiros sete meses deste ano no Brasil, em comparação com igual período do ano passado O estudo mostra, ainda, comportamentos distintos entre as Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Enquanto o rebanho confinado da Região Sudeste cresceu 34%, o da Região Centro-Oeste se manteve praticamente estável, registrando um aumento de apenas 2% em relação ao mesmo período de 2023. O resultado do Centro-Oeste é resultado da redução de 11% do rebanho confinado em Goiás. Já Mato Grosso apresentou um aumento de 21% na entrada de bovinos em confinamento no período.
O crescimento registrado no volume de bovinos confinados no País vai na contramão do desempenho do preço da arroba do boi gordo, que caiu 8,16% no mesmo período (janeiro a julho). Apesar de a cotação ter alcançado o menor valor em junho e estar em recuperação, continua abaixo dos R$ 240,00 por arroba. Para quem está contando apenas com a alta na cotação do boi gordo para garantir o resultado, o cenário não é muito animador. Entretanto, se o pecuarista estiver preocupado com a margem, que é o que sobra no bolso ao fim de todo o seu trabalho, a história é outra. Considerando o aumento da entrada de bois no confinamento neste começo de ano em relação a 2023, fica claro que o confinador está aproveitando a queda do custo alimentar para trabalhar estocado e garantir a margem dos bovinos do primeiro giro.
A combinação de fatores que causou impacto significado no custo mediano da arroba produzida dos lotes mais lucrativos nas duas regiões foi a economia no custo alimentar potencializada pelo aumento de produtividade percebido pelos melhores ganhos de peso, rendimentos de carcaça e total de arrobas produzidas. Para a Região Centro-Oeste, cada arroba produzida custou R$ 72,73 a menos para os lotes 'cabeceira' quando comparado aos de 'Fundo' (R$ 164,51 por arroba ante R$ 237,24 por arroba), enquanto para a Região Sudeste essa diferença foi de R$ 47,27 a menos por arroba produzida pelos 'cabeceira' (R$ 213,17 por arroba ante R$ 260,44 por arroba). Essa maior eficiência porteira para dentro foi o elemento-chave que levou o grupo de lotes 'cabeceira' ao seu sucesso de lucratividade no ano de 2023. A partir desse cálculo é possível analisar a parte do lucro gerada exclusivamente pelo resultado das arrobas produzidas.
Essa visão evidencia a percentagem do lucro definida pelas variáveis de dentro da porteira, ou seja, aquelas sobre as quais o pecuarista tem controle e que refletem a sua capacidade de gestão produtiva. Para a Região Centro-Oeste, em 2023, o resultado apenas das arrobas produzidas dos lotes 'cabeceira' proporcionou um lucro de R$ 717,69 por cabeça, ou seja, representou 96,82% do lucro total apurado. Para a Região Sudeste, o resultado do trabalho realizado dentro da porteira teve participação de 90,91% no lucro total por cabeça, sendo responsável por R$ 642,06. Quanto maior a participação dos resultados dentro da porteira no lucro total, menor a exposição do negócio aos riscos referentes às oscilações do preço do mercado. Isso significa que a sustentabilidade do negócio de confinamento está atrelada à eficiência da produção. E isso denota que quem domina o processo produtivo e tem controle sobre seus custos de produção está atento à margem e sofre menos com a volatilidade dos preços da arroba. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.