21/Aug/2024
A Região Nordeste apresenta condições de clima e solo variável. Essa característica resulta em flutuações nas expectativas de produção vegetal em termos de quantidade e qualidade, que também variam ao longo do tempo e de acordo com cada sub-região nordestina. Dessa forma, a variabilidade é uma característica predominante. Assim, não é incomum observar locais na Região Nordeste que chove acima de 1.500 mm/ano, com temperaturas amenas e solos excelentes, pensando em mecanização e desenvolvimento das culturas. No outro extremo, ocorrem as situações locais com chuvas com baixa média anual, mal distribuídas e solos com diversos impedimentos ao pleno desenvolvimento vegetal. É o que se diz, como expectativa da produção vegetal, como sendo esperada a variação no tempo e no espaço, com médias divergentes entre as sub-regiões e transições intensas (abruptas) em curto espaço.
Passando ao segundo nível de entendimento do sistema, com a planta agora compondo a ideia, sendo ela (a planta) o resultado do meio (clima e solo, com o manejo), não fica difícil compreender que os reflexos da grande variação e combinações das condições climáticas e de solo impõem plantas especializadas e com grandes diferenças em questões ligadas a adaptação. Características de textura de solo, associados aos aspectos de relevo, profundidade, que determinem a possibilidade de infiltrar mais ou menos água, existir ou não camadas de impedimento (impedem infiltração e/ou desenvolvimento radicular) e risco de saturação por água, definem quais culturas poderão ser utilizadas. No terceiro nível, depois do tripé formado pelo clima, solo e planta, chega-se as possiblidades de volume de produção por área e características qualitativas das culturas.
Como resultado do já exposto, se visualiza que a produção e a qualidade dos alimentos volumosos deverão ser bastante divergentes entre as sub-regiões nordestinas, definindo potenciais de produção bastante diferentes. Aqui se observa a impossibilidade de definir como objetivos básicos dos sistemas, produção e qualidade em mesmo nível. Há que se entender que cada sub-região apresentará potenciais diferente e demandas específicas na definição de seus componentes. Entender dos climas locais, dos solos da região e das combinações destes dois, levará a escolha mais precisa das plantas. Havendo sucesso da escolha das plantas, é viável obter produções em maiores níveis possíveis para o ambiente, com a qualidade associada. O quarto nível trata-se dos animais. Aqui, reside outro grande desafio: a definição dos animais. Pensando em leite, qual tipo de animal? Clima com temperaturas, no geral, mais elevadas, com pouca variação anual. Chuvas que podem oscilar bastante em quantidade e distribuição.
Solos que apresentam diferenças significativas, especialmente nas características físicas. Plantas desafiadas e apresentando mecanismos de adaptação que modulam a produção e a sua composição. E os animais, que trazem suas demandas e potenciais, porém dependentes dos componentes anteriormente mencionados. Até agora construiu-se uma sequência lógica de um fluxo, em que o animal seria o resultado de uma sequência de condições. Esta sequência seria o clássico: clima → solo → planta → animal. Porém, há a possibilidade de pensar no fluxo inverso. Com a produção e os animais necessários para uma situação específica e suas demandas de condições, alimentos volumosos e clima. Ou seja, define-se o sistema no sentido do clima ao animal ou do animal, chegando ao sistema? Observam-se desafios ainda por resolver na região. Dúvidas variadas, acompanhando as condições naturais, de mercado e de opinião dos envolvidos. O que é adequado para um município pode não ser adequado para outro. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.