16/Aug/2024
Fazendas em todo o mundo buscam se tornar mais eficientes para garantir sua lucratividade. Para isso, os produtores precisam tomar decisões acertadas sobre quando inseminar, o que alimentar e quando fornecer a dieta a um animal. Em muitas fazendas leiteiras, essas decisões são baseadas em observações e experiência. No entanto, adquirir experiência leva tempo, e observar todos os fatores em uma grande fazenda é impraticável. Com o aumento da produção de leite em grande escala e rebanhos cada vez mais numerosos, a detecção e a tomada de decisões automatizadas tornaram-se indispensáveis. Para obter mais informações sobre suas fazendas, os produtores dependem cada vez mais de dados, coletando e analisando o máximo possível através de vários tipos de sensores. A Universidade de Wisconsin (EUA) abordou os principais tópicos da IA na pecuária leiteira. Os principais temas foram a transformação na gestão das fazendas, o monitoramento animal por sensores e o papel do técnico nesse novo cenário.
As principais aplicabilidades da IA no setor leiteiro incluem aplicações dentro e fora da porteira. Desde o uso de aplicativos com sistemas de inteligência artificial para processamento de texto, imagens e dados em geral, até a ordenha robótica, câmeras e sensores para monitoramento da saúde, nutrição e bem-estar animal. A IA pode, por exemplo, automatizar o monitoramento de animais em larga escala e em tempo real. Os modelos de aprendizado de máquina utilizados em muitos sistemas de IA podem aumentar a agilidade e a eficiência na tomada de decisões por parte dos produtores, técnicos, consultores e pela indústria. Em parte, os desafios são semelhantes tanto para técnicos quanto para produtores. A necessidade de conectividade em algumas aplicações, a implementação de novas tecnologias em ambientes onde métodos tradicionais são adotados há muitos anos, e a integração de diferentes plataformas tecnológicas são obstáculos comuns.
No entanto, alguns desafios serão específicos para cada grupo de usuários. Por exemplo, com assistentes virtuais cada vez mais customizados e precisos, o papel do técnico pode se tornar mais estratégico, permitindo que ele se concentre em problemas mais específicos. Além disso, há um ‘delay’ (atraso) entre a descoberta da tecnologia, de sua funcionalidade e a sua chegada a campo. Após a validação dos benefícios da nova tecnologia, há ainda um grande percurso até se chegar às fazendas. A expectativa é de que a inteligência artificial vá para o campo rapidamente, mas não é assim que ocorre. A indústria leva um tempo para decidir o que fazer com o produto e como fazer. Precisa de um alinhamento ao modelo de negócio e entendimento de como levar isso ao produtor. Outro grande gargalo é o escalonamento dessas tecnologias. O pesquisador realiza o desenvolvimento da solução tecnológica, valida e mostra como funciona
Mas, é outra coisa escalar isso para milhares de produtores, assessorar, treinar, acompanhar e auxiliar todos esses produtores no campo. O futuro da pecuária leiteira promete ser cada vez mais digital e automatizado. A IA poderá, no futuro, fornecer recomendações precisas e personalizadas para cada animal, otimizando a produção e reduzindo custos. Mas, essa não é a realidade do presente. A fase atual é de implementar a tecnologia no campo, monitorar animais e educar o proprietário e o técnico no campo sobre como ela funciona e entender quais são os gargalos da tecnologia. O objetivo é chegar num momento em que a tecnologia analise os dados e diga qual a melhor ação a ser tomada, que essa decisão seja cientificamente comprovada e que de fato seja a melhor estratégia a seguir. A quantidade de dados gerados pelas tecnologias de IA é enorme, e isso pode ajudar no futuro para tomadas de decisão mais assertivas, mas também é preciso desenvolver estratégias eficientes para armazenar e gerenciar esses dados, garantindo a privacidade e a segurança das informações.
Ainda é preciso entender quanto de dados precisaremos guardar. O técnico precisará compreender, ao menos, o básico dessa revolução tecnológica que está ocorrendo em torno das ferramentas de IA em todo o mundo. Esse conhecimento será essencial para fornecer serviços e conhecimento de maneira eficiente, além de criar valor para o produtor rural e toda cadeia produtiva. Há uma geração emergente que está crescendo com essas ferramentas e, certamente, conseguirá implementá-las com facilidade no dia a dia da fazenda, da consultoria ou da cadeia produtiva. A inteligência artificial está transformando a pecuária leiteira, oferecendo novas oportunidades para aumentar a eficiência, a produtividade e a sustentabilidade. No entanto, a adoção dessas tecnologias exige investimentos, treinamento e uma mudança de cultura. O papel dos técnicos é um pilar fundamental para garantir a disseminação do conhecimento e a adaptação das tecnologias às necessidades específicas de cada propriedade. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.