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12/Aug/2024

Tupy: bioplanta com resíduos de suínos e aves

A Tupy, empresa de bens de capital e fabricante de motores e geradores de energia, assinou memorando de entendimento com a Seara Alimentos, empresa líder e grande exportadora de proteína animal ligada ao grupo JBS, para a produção de biometano, fertilizante organomineral e dióxido de carbono (CO2) com o uso de resíduos da suinocultura e da avicultura. Projetada para ficar pronta em 18 meses, a bioplanta será 100% operada pela Tupy, sediada em Joinville (SC) e especializada na fundição de blocos e cabeçotes de motores. O montante de investimento no projeto é estimado entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões, com aporte total da Tupy. O empreendimento, terceiro da empresa nesse segmento de negócio, será instalado na região de Seara (SC). Com esse projeto, a Tupy está dando um salto em termos de escala em bioplantas. A partir da aquisição da MWM, especializada em motores e em geradores elétricos, abriu-se uma porta para avançar no agronegócio.

O Brasil tem um potencial enorme a ser explorado nessa área, o que pode viabilizar a montagem de dezenas de bioplantas no futuro. O País tem uma população estática de 23 milhões de suínos e 1,6 bilhão de aves de corte. De biometano, é produzido menos de 3% do que se pode fazer com resíduo gerado. Se utilizasse a totalidade, poderia substituir 70% do diesel consumido pela frota brasileira com biometano. A bioplanta abrangerá um plantel de cerca de 200 mil suínos e 1,7 milhão de aves de corte, atendendo, inicialmente, mais de 80 propriedades rurais de economia familiar da região. Essa unidade vai criar uma nova cadeia de valor, pois passa a coletar os resíduos, que são tratados, deixando de gerar biometano na natureza, e transformados em combustível renovável e fertilizante organomineral de alto teor e valor. A operação combina tecnologia desenvolvida em universidades do País e na Embrapa e aproveitamento de resíduos decompostos por bactérias anaeróbicas, num circuito fechado de biodigestores.

Cerca de 4% do volume coletado pela empresa nas propriedades é transformado em fertilizante organomineral. A fábrica vai fazer fertilizantes específicos para cada tipo de cultura (milho, soja, algodão, cana-de-açúcar e outras). Será um produto nobre ao se comparar com os fertilizantes usados atualmente. A produção nessa bioplanta será de 40 mil toneladas ao ano, considerando dois turnos de trabalho, com 160 toneladas por dia. O biometano, que tem a mesma molécula do gás natural, poderá ser utilizado em motores de caminhões, de grupos geradores de energia e motobombas. Vai substituir combustíveis fósseis, como gás natural e gás liquefeito de petróleo, o GLP. Uma pequena parte (menos de 10%) do biometano produzido a partir dos resíduos será transformado em energia elétrica em geradores fabricados pela MWM para abastecer todas as operações da bioplanta. O dióxido de carbono tem diversas aplicações, com mercados principalmente na indústria, como a de cosméticos e bebidas.

Em frigoríficos é muito utilizado para anestesiar animais, principalmente bovinos, antes do abate. Uma das vantagens para a Seara é a produção de alimentos com uma pegada de carbono menor. Uma bioplanta tem um efeito duplo na descarbonização de gases do efeito estufa: recolhe o que vai gerar biometano jogado na atmosfera, trata esses resíduos e os transforma em produtos e combustíveis renováveis. A unidade vai gerar 85 empregos diretos e indiretos. Desde março, a Tupy está montando duas outras bioplantas, com investimento total de R$ 36 milhões. Uma delas é com a cooperativa agrícola Primato, situada em Toledo (PR), e vai utilizar resíduos de 65 mil suínos. A segunda com a Granja Rancho da Lua, que vai processar resíduos de 500 mil aves de corte. Com a bioplanta da Seara, a empresa dá partida a projetos de grande escala, que vão gerar retorno do capital empregado e margens melhores que as da companhia atualmente.

As projeções de receita desse negócio estão sendo refinadas. Com ganhos de escala, as receitas serão relevantes no futuro. Está sendo avaliado todo o potencial de Brasil. Com essas iniciativas, a Tupy deve consolidar suas três unidades de negócios. Uma delas, com bioplantas, geradores de energia e descarbonização, deve ganhar o selo de “MWM Agro”. Com operações de fundição em Joinville, Betim (MG), Aveiro (Portugal) e em Saltillo e Ramos Arizpe (México) e a de motores e geradores da MWM em São Paulo (SP), a empresa teve receita líquida de R$ 11,4 bilhões no ano passado. Os investimentos previstos em suas operações em 2024 somam valor similar aos do ano passado (R$ 650 milhões). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.