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08/Aug/2024

Boi: desaceleração da China e consumo de carne

A forte relação entre Brasil e China no comércio de carne bovina tem trazido benefícios à pecuária brasileira, mas deixa também sua marca de “dependência”, e tanto para o Brasil quanto para a China, que é majoritariamente abastecida por carne brasileira. Diante da robustez da parceria, fica evidente a importância de serem acompanhados de perto os desdobramentos da desaceleração do crescimento da economia chinesa. Carne bovina é commodity alimentar, mas um produto de maior valor agregado e com potencial maior de ser afetado por variações na renda; ela tem maior elasticidade-renda, quando comparado à soja por exemplo e com um número maior de bens substitutos, como as carnes de frango e suína.

Caso a renda dos chineses sofra alguma contração, o consumo de carne bovina tende a ser mais rapidamente impactado do que o de alimentos mais baratos e essenciais. Uma reação poderia vir tanto da diminuição do volume demandado quanto de uma pressão mais acentuada sobre os preços. Em 2022, a China foi destino de 62% do volume de carne bovina in natura exportada pelo Brasil e respondeu por 67% da receita em dólar. No ano seguinte, participou com 60% do volume e com 60% da receita em dólar. Nos primeiros seis meses de 2024, o volume exportado para a China cresceu 10%, mas a receita em dólar caiu 3,5%, em relação ao primeiro semestre de 2023.

A China, no primeiro semestre deste ano, representou 50% do volume exportado e 49% da receita. Especificamente em julho, a China adquiriu 51% do volume de carne bovina in natura vendido ao exterior, o que gerou 51% da receita em dólar, e o preço médio pago pelos chineses se manteve levemente abaixo da média de todos os destinos. No comparativo com a média de 2022, o preço em dólar caiu 31%. Os compradores chineses vinham pagando um “prêmio” para a carne brasileira que estivesse em conformidade com o padrão definido por eles, mas esse prêmio tem se reduzido. Em 2022, por exemplo, o valor médio em dólar pago pelos chineses foi 8% maior que o preço médio total.

Em 2023, esse diferencial caiu para 1,3% e, no primeiro semestre de 2024, esteve 1% abaixo do valor médio da carne in natura vendida ao exterior. A forte demanda chinesa tem impactado o setor pecuário brasileiro desde 2019. A parceria comercial entre os dois países elevou o padrão da carne bovina brasileira e a produtividade média do setor. A principal “materialização” dessa dinâmica é o “boi China”, bovino abatido por volta de dois anos e meio de idade. Seu impacto vai além da oferta de alta qualidade gerada pelos “bois China”. Tem ampla influência nas etapas de cria, recria e nas práticas de manejo, e todos os aprimoramentos obtidos se estendem para os demais sistemas, mesmo que não tenham foco na exportação. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.