31/Jul/2024
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de carne de frango deverá manter neste ano o bom desempenho observado desde 2022, com alta de 3,5% em relação a 2023, alcançando 15,35 milhões de toneladas. A disponibilidade de produtos no mercado interno deverá apresentar crescimento parecido, de 3,6%, em comparação com o ano passado, quando a oferta foi de aproximadamente 9,8 milhões de toneladas, enquanto o consumo per capita tende a chegar a 47 quilos, com aumento de até 2,2% em relação a 2023. O cenário econômico tem mantido níveis estáveis de consumo da proteína no mercado interno, que segue como principal destino da produção avícola brasileira. Nas exportações, o setor registrou queda de 1,4%, para 2,15 milhões de toneladas embarcadas entre janeiro e maio deste ano, em comparação ao mesmo período de 2023, considerando produtos in natura e processados.
Já a receita baixou 10,2%, de US$ 4,28 bilhões nos primeiros cinco meses do ano passado para US$ 3,84 bilhões neste ano, mas a expectativa é chegar ao fim do ano com desempenho positivo. Em maio, o Paraná seguiu como principal Estado exportador, com 198,9 mil toneladas, 11,2% a mais do que o registrado no mesmo mês do ano passado. Em seguida estão Santa Catarina, com 89,6 mil toneladas (+2,2%), e Rio Grande do Sul, que, diante dos impactos logísticos causados pelas enchentes de maio, apresentou queda de 11,4% nos embarques do mês, que totalizaram 56,4 mil toneladas. São Paulo, com 25,4 mil toneladas (+4,9%), e Goiás, com 22,9 mil toneladas (+15,4%), completam o ranking dos cinco maiores Estados exportadores. A China lidera a lista dos principais destinos, com 49,8 mil toneladas importadas em maio, volume 23,6% menor que o total registrado no mesmo período do ano passado.
Em seguida estão Emirados Árabes Unidos, com 39,6 mil toneladas (+22,2%); Arábia Saudita, com 37,5 mil toneladas (+31,2%); Japão, com 32,2 mil toneladas (-15,4%); África do Sul, com 32,1 mil toneladas (+12,6%); Iraque, com 24 mil toneladas (+35,5%); e México, com 20,5 mil toneladas (+96,3%). Um dos principais desafios do setor continua sendo o comportamento dos custos de produção. As boas safras de milho e de soja favorecem a competitividade setorial, mas há custos que perduram desde a pandemia e ainda são obstáculos, como os de embalagens, diesel, mão de obra e outros insumos básicos para um setor que é fortemente influenciado pelos custos logísticos, decorrentes da enorme capilaridade de distribuição. A insegurança jurídica do cenário atual também afeta os custos. Operações-padrão de entes do Estado e as constantes tentativas de aumento da carga tributária são fatores que influenciam o mercado, impulsionam o câmbio e impactam diretamente os preços dos insumos.
A preocupação com a prática de ações sustentáveis, por sua vez, faz parte da estratégia das empresas do setor, seja pelo princípio econômico (ganhos competitivos) ou pelo foco socioambiental. A BRF, por exemplo, tem um plano de ação de descarbonização baseado em quatro frentes de trabalho: compra sustentável de grãos, fomento à agricultura de baixo carbono, aumento do uso de energia renovável e incremento da eficiência operacional. No mercado interno, o foco da empresa é a comercialização de itens de valor agregado (70% das vendas vêm dos processados e 30%, dos in natura), que têm maior estabilidade de preços e melhores margens. Globalmente, a estratégia é diversificar a oferta de produtos de valor agregado. Durante grande parte do ano passado, a BRF foi impactada pela sobre oferta global de frango. Mas, desde o fim de 2023, observa-se um ajuste na oferta, que se refletiu na recuperação dos preços.
A BRF exporta para 120 países, com atuação mais forte no mercado in natura, mas também vende produtos processados, principalmente para os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) e a Turquia. A C.Vale vê 2024 com otimismo. Há uma queda no custo de produção e impulsionamento nos preços em Real e em dólar. Esses preços estão atrelados a uma oferta mais regular, a uma demanda interna e externa mais estável e a um dólar que ajuda nessa maximização do preço. A empresa exporta em torno de 64% do que produz a diversos destinos, como China, África do Sul, México, Japão, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e outros países da Europa. A queda nos preços da soja e do milho gerou um impacto muito positivo no resultado da cadeia de produção avícola. A Seara, do grupo JBS, diz que a normalização dos custos dos grãos e o crescimento dos volumes vendidos, principalmente no mercado interno, reforçam as perspectivas promissoras para a companhia em 2024.
A Seara exporta carne de frango principalmente para Arábia Saudita, Japão, Europa e Estados Unidos e vem investindo em novas tecnologias que têm impacto direto na redução de custos no longo prazo, favorecendo o aumento da produtividade. Nos últimos anos, foram aplicados R$ 8 bilhões na expansão e inovação das unidades industriais do País. É preciso respeitar a diversidade do setor agrícola em diferentes regiões e compreender os desafios, além de educar, facilitar o acesso ao crédito e incentivar a inclusão para impulsionar a sustentabilidade ambiental e social. A Aurora Coop, que exporta 35 mil toneladas de carne de frango por mês, tem boas expectativas em relação ao mercado externo em 2024. Os níveis de estoques estão estáveis e há maior equilíbrio entre oferta e demanda, além de os custos terem se equilibrado, ainda que em outros patamares. Entre os desafios, a empresa cita as dificuldades logísticas e operacionais nos portos brasileiros e do mundo e a falta de um acordo comercial mais elaborado entre o Brasil e outros países ou blocos. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.