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03/Set/2019

Carnes: aumento de veganos não assusta o setor

Os hambúrgueres veganos podem estar na moda, mas isso não significa que as grandes produtoras de carne globais estejam preocupadas com a demanda. Os principais executivos da JBS e da BRF dizem que a demanda global por proteína animal continuará aumentando por décadas, impulsionada pelo aumento de renda e crescimento populacional em países em desenvolvimento, como China e Índia. Com o aumento do consumo de proteínas estimado em mais de 70% até 2050, segundo projeções das Nações Unidas, as perspectivas de longo prazo permanecem positivas para o setor de carnes, segundo Gilberto Tomazoni, da JBS, e Lorival Luz, da BRF. Está ocorrendo crescimento em todas as regiões, inclusive nos países desenvolvidos, segundo a JBS.

A maior preocupação dos consumidores quanto à saúde, bem-estar animal e meio ambiente tem causado uma forte mudança no mundo das proteínas, já que as tradicionais processadoras de carne enfrentam crescente concorrência de produtos à base de plantas fabricados por empresas como Impossible Foods e Beyond Meat. O setor de carne bovina tem sido responsabilizado por contribuir para o aquecimento global com a emissão de metano, e o gado criado em pastagens é citado como a principal causa do aumento do desmatamento na Amazônia. Os produtos vegetais provavelmente terão um papel complementar para atender à crescente demanda por proteínas. Isso deve criar uma oportunidade para empresas tradicionais diversificarem os seus portfólios.

Os produtores de carne também têm se esforçado mais para aumentar a sustentabilidade do que muitos consumidores imaginam. As empresas precisam fechar a lacuna entre percepção e realidade quando se trata de preocupações ambientais e bem-estar animal. Tanto a JBS como a BRF têm políticas que evitam a compra de gado de áreas recém-desmatadas. Enquanto isso, a propagação da Peste Suína Africana deve trazer mudanças a longo prazo para o setor global de proteínas. A doença tem dizimado planteis de suínos na China, o maior consumidor mundial de carne suína. Ainda assim, é provável que o impacto sobre a demanda seja temporário, e não estrutural, já que o país asiático poderá, eventualmente, restaurar os níveis normais de produção.

Os Estados Unidos devem se beneficiar do aumento da demanda chinesa, mesmo que as exportações norte-americanas de carne suína sejam reduzidas devido às tarifas impostas pela guerra comercial. Produtores da Europa e do Brasil estão redirecionando suas exportações para a China, o que abrirá uma lacuna de fornecimento em outros mercados, incluindo Japão e Coreia do Sul. A JBS também aproveita sua presença na Austrália, que lhe deu acesso privilegiado ao mercado chinês de carne bovina. A escassez de proteínas na China por causa da PSA deve aumentar os acordos comerciais bilaterais como parte dos esforços do país asiático para diversificar as alternativas de fornecimento e manter a inflação de alimentos sob controle. A China também deve acelerar os investimentos para aumentar a escala e a segurança da produção, reduzindo a dependência do país de pequenos produtores. Fonte: Exame Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.