26/Jul/2024
O Ministério da Agricultura vai iniciar uma segunda fase de controle e vigilância quanto à doença de Newcastle (DNC). Com a conclusão do foco da doença em um aviário comercial em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, as equipes de defesa agropecuária do Ministério juntamente com a defesa agropecuária estadual prosseguirão com ações de vigilância na região afetada e de testagem quanto à circulação do agente patógeno. Aproximadamente 800 propriedades rurais localizadas em um raio de 10 Km de onde o foco foi detectado são monitoradas pelas equipes de vigilância e visitadas pelo Serviço Veterinário Oficial. O Ministério da Agricultura encerrou a situação que impedia declarar a conclusão da doença, mas dará seguimento aos protocolos sanitários. O Serviço Veterinário Oficial (SVO) fará uma nova visita em todas as propriedades da região para ter certeza de que a doença não se espalhou. Há entre 40 e 50 granjas comerciais na região.
O trabalho é para que a volta da normalidade sanitária ocorra em período eficiente, mas pode ser considerado ainda necessário que todas essas propriedades tenham reforço nas ações de biosseguridade (conjunto de medidas e procedimentos operacionais para prevenir, controlar e limitar a exposição das aves comerciais a agentes causadores de doenças). O Brasil vai comunicar a conclusão do foco da doença com o sacrifício das demais aves do aviário e limpeza e desinfecção do aviário à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). A suspeita da doença está sendo acompanhada na região desde 9 de julho com a confirmação do caso em 17 de julho no aviário de 14 mil aves. Além do foco encerrado, outros cinco casos suspeitos foram descartados com o resultado negativo da análise laboratorial, o que levou o Ministério da Agricultura reduzir a abrangência da emergência zoosanitária a cinco municípios gaúchos e não mais a totalidade do Estado.
Essa situação deu segurança para, juntamente às demais ações que estavam sendo realizadas na zona de contenção, 3 Km ao redor do foco confirmado, e nos outros 7 quilômetros de vigilância, pudéssemos diminuir a área de atenção no Rio Grande do Sul apenas para essa área de 10 Km ao redor do foco localizado em Anta Gorda. Não há notificações de novas suspeitas de doenças clínicas, respiratórias, nervosas e digestivas neste raio de 10 Km, o que poderia ser sintoma de Newcastle. Isso dá segurança de que o vírus não se espalhou na região. A doença de Newcastle é uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres e causa sinais respiratórios seguidos por manifestações nervosas. Os últimos casos no País haviam sido registrados em 2006 em aves de subsistência em Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Não há casos de transmissão da DNC entre humanos ou pelo consumo de produtos avícolas.
Outra medida que será adotada pelo Ministério é a introdução de aves, chamadas de sentinelas, animais com baixa imunidade para verificar se há resquícios de circulação do vírus na propriedade onde o foco foi detectado. Depois desse período, a depender de resultado negativo para a presença do agente patógeno, o aviário comercial pode receber a autorização para iniciar um novo alojamento de aves em 21 dias posterior ao resultado final do teste com as aves sentinelas. É uma decisão muito sensível porque há protocolos a serem feitos na área delimitada de 10 Km, aquela que tem algum risco potencial de ter algum reservatório de patógeno. As demais granjas da região são submetidas a protocolos específicos para liberação de movimentação de aves e venda comercial dos cinco municípios da região. Todas as aves abatidas nos aviários do raio de 10 Km da ocorrência da região precisarão de liberação especial do Centro de Operações de Emergência Zoossanitária (COEZOO) para abate comercial.
A emissão das guias de trânsito animal (GTA) das aves das propriedades da região para os frigoríficos será feita pelo COOEZOO, seguindo também regras específicas para abate, rota de movimentação e para quais estabelecimentos podem ser destinadas. Dessa forma, o consumo de produtos avícolas certificados pelo Serviço Veterinário Oficial permanece seguro e sem contraindicações. Assim, o fluxo comercial não está interditado, mas controlado. Os protocolos de biosseguridade também estão sendo reforçados juntamente ao setor produtivo comercial com o controle e verificação das cercas, do isolamento entre ambiente externo e interno e das telas para impedimento de entrada de animais silvestres. O Ministério vai prover as informações necessárias para o sistema produtivo de que forma essas verificações das condições de biosseguridade têm de ser feitas nas propriedades, antes do alojamento de novas aves. Ainda não há comprovação do motivo da contaminação do aviário por Newcastle. As características do caso, contudo, apontam para relação indireta com as enchentes ocorridas no Estado, já que o telhado do aviário teria sido atingido por granizo, o que teria levado a chover na granja e provavelmente facilitado a entrada de material contaminado com o vírus.
Uma das causas prováveis é que tenha havido rompimento da biossegurança em função da tragédia climática, o que está levando ao reforço da vigilância e biosseguridade das demais granjas, mas ainda não podemos confirmar que essa é a causa para entrada do agente de Newcastle. As barreiras de biosseguridade são hoje as principais medidas para evitar a entrada desses agentes patógenos presentes no ambiente no sistema comercial. Isso trouxe à tona novamente a importância de todos os estabelecimentos produtivos fazerem uma releitura e uma checagem dos seus procedimentos de biosseguridade. Os protocolos de biosseguridade são também reforçados e aplicados nos demais Estados produtores. O Brasil adota um Plano de Contingência para Newcastle e Influenza Aviária. Há um plano contínuo de vigilância e monitoramento para essas doenças, incluindo amostragens e testagens periódicas no aviário comercial, de subsistência, aves reprodutoras e migratórias em todas as Unidades Federativas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.