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23/Jul/2024

Frango: Newcastle e a relação com chuvas no RS

As chuvas no Rio Grande do Sul podem ter sido um agravante do aparecimento de um foco de doença de Newcastle no Brasil após quase duas décadas sem notificações. De acordo com veterinários, as consequências da catástrofe climática, como queda de árvores e o alagamento de áreas inteiras pode estar relacionado à maior transmissão da doença. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), houve destruição de árvores que poderiam conter ninhos de pássaros e tudo isso foi levado pelas águas. Isso, somado a aves exóticas e de estimação, são disseminadores do vírus. A vacinação contra a doença é obrigatória no País em criações de matrizes, aves de maior valor comercial devido ao seu potencial genético. Já em aves de corte, cujo tempo máximo de vida é de 30 a 40 dias, a imunização não é aconselhada. Essas aves já herdam os anticorpos de suas mães. Nesse sentido, o contexto climático extremo vivido pelo Estado também pode ter contribuído para o surgimento de um foco com mais de 14 mil casos da doença.

Os anticorpos maternos começam a declinar ao redor de sete a dez dias após o nascimento das aves e, se não houve condições adequadas de ambiência, pode facilitar a fixação do vírus. A Embrapa Suínos e Aves não descarta a possibilidade de alguma falha de biosseguridade, apesar da adoção de protocolos mais rigorosos por causa da gripe aviária, doença com comportamento epidemiológico semelhante à doença de Newcastle e que também chegou ao Brasil. E avalia que podem ocorrer outros casos. Essa doença veio de algum lugar, sejam aves silvestres ou domésticas. A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) tem pensamento diferente: se houvesse outras suspeitas, já teriam aparecido. O período de incubação da doença de Newcastle é de 24 a 72 horas. As propriedades num raio de 10 Km já foram e estão sendo visitadas, e os proprietários alertados sobre as medidas emergenciais. Após a confirmação do diagnóstico, o Brasil anunciou a suspensão de exportações de produtos avícolas para pelo menos 44 países.

Em alguns casos, vale para todo País, e, em outros, apenas para os produtos do Rio Grande do Sul. A avaliação dos veterinários é de que sejam necessários de três a seis meses para que o Brasil consiga comprovar que o Estado continua como uma zona livre da doença. Tudo vai depender do que for encontrado nessa investigação epidemiológica, assim como ocorreu com o surto de influenza Aviária em Santa Catarina e Espírito Santo no ano passado, destaca a Embrapa. Naquele ano, foram detectados focos da Influenza Aviária em aves de criação doméstica, para subsistência, nos dois Estados, o que gerou a suspensão das exportações brasileiras de carne de frango para Japão por três meses. O Brasil vai ter que trabalhar para demonstrar que é livre da Newscastle e que não tem mais o vírus circulando no País. É um trabalho árduo para o setor, avalia o CRMV-RS. Até que isso ocorra, o prejuízo econômico da suspensão para o Rio Grande do Sul, terceiro maior exportador de carne de frango do País é dado como certo. O impacto é severo, não é possível nem estimar, mas certamente vai ser grande, avalia a Embrapa. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.