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19/Jul/2024

Frango: Newcastle no RS deve impactar exportação

Após a confirmação de um foco da doença Newcastle (DNC) em um estabelecimento comercial de avicultura de corte no Rio Grande do Sul, as exportações de frango do Brasil devem sofrer embargos temporários e parciais. O protocolo sanitário da doença Newcastle é semelhante ao da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade por ambas as doenças integrarem o mesmo programa de contingência, o "Plano de Contingência de Influenza Aviária e doença de Newcastle". Países que adotam suspensões temporárias em caso de gripe aviária tendem a embargar também as exportações de frango do Rio Grande do Sul até mais esclarecimentos sobre o encerramento de foco da doença. Entre estes países, fontes consideram que o Japão tende a impor restrições sobre o frango proveniente do Rio Grande do Sul. Autoridades sanitárias do país já foram procuradas pelo governo brasileiro para prestação de esclarecimentos. Não estão descartadas também eventuais restrições por parte da China. O Ministério da Agricultura confirmou a detecção do foco na quarta-feira (17/07).

A DNC foi verificada em um estabelecimento industrial em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. O diagnóstico foi feito pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como laboratório de referência internacional para o diagnóstico da DNC. A doença de Newcastle é uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres e causa sinais respiratórios seguidos por manifestações nervosas. O estabelecimento avícola foi imediatamente interditado e as aves serão eliminadas. O Ministério da Agricultura esclareceu que o consumo de produtos avícolas inspecionados pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO) permanece seguro e sem contraindicações. Os últimos casos no País haviam sido registrados em 2006 em aves de subsistência em Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. O estado do Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do País. De janeiro a junho, foram 354.207 toneladas embarcadas pelo Estado, com receita de US$ 630,1 milhões.

O desempenho deixa o Rio Grande do Sul atrás apenas de Paraná e Santa Catarina na lista de Estados maiores exportadores de carne de frango no Brasil no primeiro semestre de 2024. A receita obtida com os embarques pelo Estado representa 13,82% dos US$ 4,559 bilhões auferidos pelo País. O volume embarcado corresponde a 14,1% das 2,528 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no período. No primeiro semestre deste ano, os Emirados Árabes Unidos foram o principal destino da carne de frango do Rio Grande do Sul, com 48.256 toneladas, seguido por Arábia Saudita, com 39.515 toneladas, China, com 32.544 toneladas, e Japão, com 20.793 toneladas. Após a confirmação de um foco da doença de Newcastle em um estabelecimento comercial de avicultura de corte no Rio Grande do Sul, as exportações de frango do Brasil devem sofrer embargos temporários e parciais. Países que adotam suspensões temporárias em caso de gripe aviária tendem a embargar também as exportações de frango de áreas em que é constatada a DNC, como o Rio Grande do Sul, até mais esclarecimentos sobre o foco da doença.

O Itaú BBA aponta que a detecção de um foco da doença Newcastle (DNC) em um estabelecimento comercial de avicultura de corte em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, sugere que as chances de que as exportações de frango sejam interrompidas estão aumentando, podendo afetar BRF e Seara, da JBS. Se a doença não for contida, as operações da BRF e da Seara enfrentariam um cenário de excesso de oferta no mercado doméstico, uma vez que as exportações fossem parcialmente interrompidas e seus volumes fossem redirecionados para os mercados domésticos. A avaliação é feita com base no cenário visto em 2018, quando as exportações da BRF para a Europa foram suspensas, o que fez com que tanto as margens internacionais quanto as domésticas fossem impactadas. Outro exemplo é o caso recente da gripe aviária em 2023, quando o Japão interrompeu temporariamente as exportações brasileiras de frango.

Neste caso, o impacto na cadeia de suprimentos foi mais leve. Desde então, novas autorizações foram implementadas, mitigando parcialmente os impactos negativos em relação aos casos anteriores. Em 2023, cerca de 25% da receita da BRF esteve vinculada às exportações brasileiras de frango, enquanto a JBS tem uma exposição de cerca de 6% na receita. A diversificação da JBS, particularmente na Pilgrim's Pride PPC, sua subsidiária de frango com exposição aos Estados Unidos, Europa e México, também poderia absorver parte do impacto negativo brasileiro. Para o Citi, a detecção de um foco da doença Newcastle em uma granja comercial de frangos em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, deverá ter impacto limitado sobre as empresas do setor cobertas pelo banco. Em um cenário realista, Japão e Arábia Saudita poderiam proibir a importação de frango do Estado, o que reduziria as exportações do Brasil em cerca de 2%.

Em um cenário pessimista, China, México e Coreia do Sul também suspenderiam a importação, já que esses países têm produção doméstica significativa. Nesse caso, as exportações brasileiras seriam reduzidas em cerca de 4,5%, acrescentando que o Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 10% da produção brasileira de frango e 14% das exportações. BRF e JBS poderiam fazer um redirecionamento, recorrendo a instalações em outros Estados para suas exportações, o que aumentaria o mix do Rio Grande do Sul no mercado doméstico. O banco citou ainda que há sinais de que as enchentes no Rio Grande do Sul afetarão negativamente a produção em pelo menos 15%, reduzindo a participação do Estado na produção nacional de frango. Porém, esta é uma situação que pode mudar rapidamente e disse esperar volatilidade à frente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.