18/Jul/2024
A Ajinomoto planeja lançar no País uma ração de gado feita dos resíduos de sua produção, que promete fazer os bovinos emitirem 10% a menos de gás metano e 25% a menos de óxido nitroso (N2O), outro gás que contribui para o efeito estufa. A companhia já vende o produto nos Estados Unidos e está em fase de testes no Brasil, enquanto busca certificação dos benefícios ambientais prometidos. A intenção é ter tudo concluído até a COP30, que acontece em novembro do ano que vem. Os testes no País têm sido feitos em algumas fabricantes do setor lácteo e de frigoríficos. A ração, chamada AjiPro-L já é comercializada desde 2011 nos Estados Unidos e atende hoje 20% do mercado de vacas leiteiras. No Brasil, a meta é chegar a 20% desse mercado em cinco anos. Para comprovar as reduções de emissão de gases do efeito estufa, os métodos da companhia estão registrados no sistema de crédito de carbono japonês (J Credit) e seguem em processo para obter a certificação VERRA. A empresa começou a fazer um serviço de divulgação, de levar ou apresentar o produto para grandes empresas, mas ainda está em um momento de introdução no Brasil.
A COP30 vai trazer uma grande oportunidade para divulgar cada vez mais esses benefícios. É uma tecnologia única, exclusiva da Ajinomoto. Os estudos feitos ao longo dos últimos anos nos Estados Unidos indicam que, com os aminoácidos balanceados (que é a proposta da AjiPro-L), pode haver redução do custo da alimentação de US$ 0,6 por vaca a cada dia, além da redução da quantidade de uso de farelo de soja de 1,0 Kg por vaca a cada dia. Projeta-se ainda redução de 0,13 toneladas de equivalentes de gás carbônico (CO2) por vaca por ano e diminuição do “ciclo de vida” (LCA), que estima a pegada de carbono e hídrica das dietas, em 0,49 toneladas por vaca, a cada ano. No produto em testes no Brasil, a redução estimada é de aproximadamente US$ 0,3 por cabeça de gado por dia. A redução do custo da alimentação contribui para absorver o custo adicional de implementação do aditivo de redução de metano. A empresa calcula que é possível gerar créditos de carbono a partir do uso da ração, o que também ajuda a reduzir os custos da alimentação.
Até então, o principal foco do grupo quando se falava de sustentabilidade era na redução da emissão de gases na produção. Por exemplo, o uso da caldeira de biomassa, em vez de usar o gás proveniente da queima do carvão, que é altamente poluente. Agora, com o entendimento de que a redução do gás metano também é muito importante para o meio ambiente, cada vez mais a empresa vai focar no AgiproL. A KPMG diz que, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o setor de criação de bovinos representa 14% das emissões de gases do efeito estufa. Do total dessas emissões, 44% são provenientes do metano. É um tema relevante. Existe uma busca por soluções para reduzir a produção de metano na criação de bovinos. A COP30 será uma grande oportunidade para divulgar ações e produtos com esse impacto e que muitas companhias se preparam para isso. É comum ouvir de representantes do setor que a alimentação ou a digestão do gado não é o maior problema em relação à emissão de gases poluentes, já que o uso do solo é um fator de maior preocupação, especialmente pelas queimadas e desmatamentos.
No entanto, essa não deve ser uma desculpa para não reduzir todo e qualquer tipo de emissões. Se a comprovação é de que o seu negócio contribui com emissões, não importa se ele é o principal, o segundo, ou o terceiro. É preciso fazer a sua lição de casa. A lição está em reduzir, em parte, ou produzir um alimento de menor intensidade de carbono. Se todo mundo tivesse essa consciência, avançaríamos mais do que ficaríamos discutindo se o problema principal é esse ou aquele. Do ponto de vista de práticas de sustentabilidade, o fato de a Ajinomoto produzir alimentos ultraprocessados é um fator de questionamento, já que eles não são considerados saudáveis por especialistas no tema. No entanto, a Ajinomoto, afirma que o assunto é mal compreendido. Em sua visão, não há comprovação de que o glutamato, produzido pela companhia, cause danos à saúde e que, por trazer o sabor “umame” para os alimentos, com seu uso é possível reduzir o uso de gordura e sal nos alimentos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.