18/Jul/2024
Uma combinação de fatores propiciou um semestre de margens mais altas aos exportadores de carne de frango. Além dos custos mais baixos em comparação com o mesmo período de 2023, a alta do dólar e a retração nas exportações dos Estados Unidos têm favorecido a rentabilidade das vendas externas. Nos Estados Unidos, segundo maior exportador de frango atrás do Brasil, o elevado preço da carne bovina aumentou a demanda por frango, levando as empresas a direcionarem mais aves ao mercado interno. O Brasil tem preenchido alguns espaços deixados pelos norte-americanos, especialmente nas exportações de peito e pernas, mercados tipicamente atendidos pelo rival. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil tem sido convocado a exportar mais esses cortes.
Países da América Latina, como o México e o Chile, estão entre os clientes que aumentaram as compras do Brasil nos últimos meses em resposta à retração dos Estados Unidos no mercado. De janeiro a maio, as exportações de aves dos Estados Unidos caíram 9,7% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Para todo o ano, o USDA estima uma queda de 7% nas exportações. Na divulgação anterior, em abril, a expectativa era de um recuo de 2,7%. Parte desse efeito cambial, no entanto, começa a ser diluído. Como o Brasil tem um peso muito relevante no comércio global de frango, respondendo por mais de 35% das exportações mundiais, a desvalorização do Real acaba pressionando os preços em dólares, com os importadores pedindo descontos.
Os volumes de exportação aumentaram 0,8% no primeiro semestre, considerando a média mensal. Já a receita com os embarques, em dólares, caiu 10%. Segundo relatório do BTG Pactual, os spreads (diferença entre os custos e os preços de venda) de exportação de carne de frango subiram 4% no segundo trimestre em comparação com o trimestre anterior, quando elas já vinham apresentando uma boa recuperação. No geral, a expectativa é de que as margens fortes ajudem a BRF e a Seara (JBS) a manter seu impulso de ganhos, pelo menos por enquanto. No futuro, a chance de aceleração da oferta à medida que as margens da indústria aumentam é a principal preocupação. A produção de pintinhos de um dia aumentou de janeiro a maio, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco).
Em junho, ela caiu, mas a expectativa de analistas que acompanham o setor é de que ela volte a subir em julho. Fontes do setor dizem que o alojamento tem se mantido quase estável e não é motivo gerar temores de excesso oferta. No entanto, que algumas empresas têm aumentado o peso do abate, o que tem sido facilmente absorvido por uma demanda de exportação mais forte. As empresas do setor esperam margens saudáveis no segundo semestre deste ano em meio a custos de alimentação favoráveis e demanda firme de compradores tradicionais de frango brasileiro, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. E há sempre aquela expectativa de melhora no quarto trimestre, normalmente o período de demanda mais aquecida no setor. Fonte: AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.