12/Jul/2024
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, mesmo menores no bimestre maio/junho, os embarques de carne de frango do Rio Grande do Sul mantêm bom ritmo, alcançando volume pouco inferior à média registrada nos 16 meses anteriores. Em maio, mês em que o Estado foi mais castigado pelas intempéries, os embarques recuaram quase 20% em relação ao mês anterior, abril de 2024. Porém, em abril/2024, os embarques haviam atingido o maior volume deste ano e registrado aumento mensal de 22%. Assim, sem levar em conta o resultado excepcional de abril, o total exportado em maio manteve-se, aproximadamente, dentro da média observada no trimestre inicial do ano, de 56,5 mil toneladas/mês. Em junho, o volume embarcado aumentou 4% sobre o mês anterior. Além disso, correspondeu ao segundo melhor resultado de 2024, abaixo apenas das 69,3 mil toneladas do mês de abril. Neste caso, o total exportado em junho continuou inferior à média dos 16 meses transcorridos entre janeiro de 2023 e abril de 2024, com queda de, aproximadamente, 4%.
Porém, a média desse período, de 61.154 toneladas mensais, foi fortemente influenciada pelos resultados excepcionais dos meses de março e dezembro de 2023 e de abril de 2024. Isto descontado, o volume registrado em junho último (58,9 mil toneladas) manteve-se, com pequeno ganho, dentro da média dos restantes 13 meses anteriores, 58,8 mil toneladas mensais. A retração semestral enfrentada pelo Rio Grande do Sul foi, a despeito dos problemas enfrentados, menor que a de vários outros Estados exportadores do Centro-Sul do País. Segundo a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (O.A/RS), formada pelas entidades membros Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas no Estado do Rio Grande do Sul (Sipargs), o Estado fechou o primeiro semestre deste ano com embarques de carne de frango in natura e processada na faixa de 354,5 mil toneladas, o que representa um recuo de 4,7% na comparação com igual período de 2023.
O mês de junho acompanhou o movimento de queda e exportou cerca de 58,8 mil toneladas, 6,5% abaixo do volume enviado para o exterior há 12 meses. A receita foi afetada pela redução das vendas internacionais, somando US$ 630,2 milhões no primeiro semestre do exercício contra US$ 757,8 milhões na mesma janela de 2023, diferença de 16,8% para baixo na relação entre os dois intervalos de tempo. Os embarques no período apurado ainda acusam o impacto da catástrofe climática que prejudicou a logística de escoamento e a operacionalização de parte das exportações. Algumas indústrias tiveram muitos problemas e foram diretamente afetadas pelas enchentes, situação que retardou as nossas exportações. Além disso, também houve a consequência do desempenho no mercado externo, do movimento global das exportações de alimentos que sofre interferências das crises (guerras) na Europa e Oriente Médio. O mercado interno também foi abalado pelas enchentes que chegaram ao Estado no começo de maio.
Diante da previsão de baixa ocasionado pelas perdas dos estoques, material genético, aves e infraestrutura, o setor avícola do Estado já tinha puxado o freio e reduzido a produção, adequando-se à situação econômica do Estado e fatores de competitividade instável com a entrada excessiva de produtos avícolas de outros Estados no Rio Grande do Sul, com previsão de, pelo menos, alta de 50% dos produtos à base de frango que circulam no Estado serem de outras Unidades Federativas. Dados da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) relativos a janeiro deste ano mostraram que 52% dos cortes de carne de frango comercializados no Rio Grande do Sul foram provenientes de outros Estados, o que indica que esse contexto é anterior à crise climática e vai ao encontro da estimativa da entidade avícola. A queda nos abates também já havia sido mensurada pela O.A/RS, oscilando entre 5% e 10%.
Os valores também coincidem com a apuração do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) no primeiro trimestre do ano. Dados apurados pela entidade avícola identificaram recuo de 5,8% no primeiro semestre, caindo de 416 milhões de cabeças em 2023 para 392 milhões de cabeças de aves abatidas neste ano. Segundo Santos, mantendo-se as movimentações de retomada, há uma possibilidade de recuperação gradativa do mercado, desde que se conserve coerência e assertividade nas tomadas de decisões. Outro ponto é a reivindicação permanente ao acesso menos burocrático e mais célere aos recursos emergenciais para indústrias e produtores atingidos pelas enchentes. No que se refere a outras ações com uma linha proativa e atuante, a O.A/RS dá ênfase à campanha da valorização das marcas de carne de frango que produzem no Rio Grande do Sul, que em apenas dois meses chegou ao alcance de 2,9 milhões nas redes sociais, jornais e rádios, além do movimento “Recupera Avicultura RS”.
O Brasil exportou 435 mil toneladas de carne de frango in natura e processada em junho deste ano, queda de 2,3% comparado ao mesmo mês do ano passado. As receitas totais obtidas com as exportações de junho chegaram a US$ 793,6 milhões, queda de 10,6% comparado ao mesmo mês do ano passado, com US$ 887,5 milhões. Em relação ao fechamento do primeiro semestre de 2024, as exportações computadas alcançaram 2,5 milhões de toneladas, volume 1,6% abaixo do saldo acumulado do mesmo período de 2023, com 2,6 milhões de toneladas. No mesmo período, a receita acumulada alcançou US$ 4,6 bilhões, 10,3% abaixo do que o total registrado no primeiro semestre de 2023, que ficou em US$ 5,1 bilhões. Fontes: AviSite, ASGAV/SIPARGS - O.A.RS. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.