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28/Jun/2024

Leite: preço pago ao produtor registra forte avanço

O preço do leite captado em maio subiu pelo sétimo mês consecutivo e registrou elevação de 9,8% frente ao de abril, chegando a R$ 2,7114 por litro na “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Desde janeiro, o valor do leite pago ao produtor acumula avanço real de 30,4% (valores deflacionados pelo IPCA de maio). Ainda assim, o preço médio de maio ficou 4,82% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, em termos reais. O movimento de alta se explica pela redução da produção no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea teve pequena reação de 0,14% de abril para maio, mas acumula baixa de 7,7% na parcial deste ano. Além dos menores investimentos dentro da porteira no final de 2023, o avanço da entressafra nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste e o atraso da safra na Região Sul limitam a oferta do leite cru.

Consequentemente, a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima sustentou a valorização do leite. Vale também ressaltar que os impactos negativos das enchentes do Rio Grande do Sul sobre a produção de lácteos estadual e o aumento pontual da demanda devido aos donativos no Estado criaram especulação e elevaram as incertezas, dificultando o dimensionamento do mercado em maio. A alta do preço do leite no campo levou ao aumento das cotações dos derivados lácteos. Na negociação entre indústrias e canais de distribuição de São Paulo, as médias de preços do UHT, muçarela e leite em pó fracionado (400g) subiram 5,1%, 5,9% e 4,5% em maio, respectivamente.

No entanto, o repasse da valorização da matéria-prima para os derivados ocorreu em intensidade menor do que a variação observada no campo, já que o consumo não se fortaleceu como o esperado. Em junho, os preços dos lácteos avançaram até a segunda quinzena do mês, o que deve manter a média mensal ainda em alta frente ao mês anterior. Porém, nas duas últimas semanas de junho, as cotações retornaram ao patamar do início de maio, devido ao enfraquecimento do consumo e à pressão exercida pelos canais de distribuição. Dessa maneira, a margem dos laticínios na venda dos derivados seguiu justa, especialmente para os produtos mais “comoditizados” (como UHT, muçarela e pó), o que, por sua vez, pode frear o ritmo de altas nos preços pagos aos produtores.

Outros fatores reforçam a perspectiva de que o movimento altista deve perder força em junho e, até mesmo, se inverter a partir de julho, como o incremento da margem do produtor nestes últimos meses, que tende a favorecer a recuperação da produção nacional de leite cru, ainda de forma lenta. Quanto à oferta de derivados, as importações continuam sendo um fator de incerteza para o mercado. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em maio, as compras externas caíram 23,6%, totalizando cerca de 150 milhões de litros em equivalente leite, queda de 28% frente a maio/2023, mas ainda mais que o dobro do registrado em maio/2022. De janeiro a maio, o volume importado somou 923 milhões de litros em equivalente leite, 5,1% a mais que no mesmo período de 2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.