27/Jun/2024
A Companhia Paranaense de Gás (Compagas) investirá R$ 505 milhões nos próximos cinco anos para expansão de projetos em várias regiões do Estado, como inserção do biometano na rede de gás canalizado e desenvolvimento de corredores sustentáveis com abastecimento via gás natural e biometano. O primeiro contrato para fornecimento de biometano para inserção na rede de distribuição de gás no Paraná foi assinado com a empresa H2A, que fornecerá à Compagas 20 mil metros cúbicos/dia a partir de julho de 2025. A parceria viabiliza a construção de uma usina em Carambeí, nos Campos Gerais, para a produção do gás renovável em uma cadeia circular, a partir de dejetos do polo leiteiro. O objetivo é integrar a rede de distribuição às principais áreas produtoras de biometano, para viabilizar o escoamento do combustível renovável por meio de dutos, ampliando a capacidade de expansão do uso do gás renovável. A Compagas vem trabalhando nos últimos meses para o desenvolvimento de fornecedores de biometano para injeção do gás renovável em suas redes de distribuição.
Desde 2023, a empresa abriu duas chamadas públicas para a aquisição do combustível. A H2A destacou que a empresa vem buscando novas tecnologias para a produção de biometano, com a planta de Carambeí utilizando dejetos suínos e bovinos para a produção do insumo. O resíduo, que hoje já é tratado de forma sustentável, será aproveitado para dar uma viabilidade econômica aos produtores, que são sócios e parceiros do projeto. Os investimentos fazem parte do novo contrato de concessão da Compagas, que passa a valer a partir do mês de julho e que define metas para o aumento da oferta de gás natural e biometano e o atendimento de novas regiões no Paraná para os próximos 30 anos. O Paraná, que é o maior gerador de energia renovável do Brasil, pode se transformar na Arábia Saudita do biogás e biometano. O Estado tem potencial na geração, que é feita através dos dejetos de animais e biomassa vegetal, como do setor sucroalcooleiro. O governo estadual está organizando todo o ecossistema para a geração de biogás e biometano no Paraná.
Tanto na parte tributária e fiscal da cadeia como na infraestrutura de produção e escoamento, criando um novo corredor de desenvolvimento. Maior produtor de proteína animal do Brasil, o Paraná também sai na frente na geração de biogás e biometano. Segundo levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), o Estado tem 426 plantas instaladas, 67% de todas as usinas da Região Sul. O Estado domina esse setor importante, que também está se tornando uma nova fonte de renda para os produtores rurais. Um dos planos da Compagas é chegar a 15% da participação do biometano no volume de distribuição da companhia até 2026. Este novo investimento fará com que o Paraná avance ainda mais no segmento de energia e infraestrutura. O gás natural continua sendo uma fonte importante, mas a inclusão do biometano traz uma pegada mais sustentável para atender as demandas ambientais e dos clientes e as metas de ESG da empresa. Dentro do investimento de R$ 505 milhões até 2029, a Compagas vai destinar R$ 100 milhões para a expansão da rede de gás canalizado, visando ao atendimento das cidades de Londrina e Maringá.
Serão construídos, ao todo, 60 quilômetros de rede para atender os segmentos industrial, residencial, comercial e veicular no norte do Paraná, sendo que o fornecimento na região ocorrerá 100% com biometano. Serão construídos 8 quilômetros de rede em Maringá para atender o segmento industrial da região. O projeto também contempla a instalação de um trecho de cerca de 19 quilômetros conectando os municípios de Londrina, Cambé e Rolândia para o fornecimento das indústrias instaladas no percurso.
A Compagas também anunciou a construção de 52 quilômetros de gasoduto entre os municípios de Araucária e Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba. O investimento de R$ 108 milhões vai atender o eixo agroindustrial do Estado e, em especial, a fábrica do Grupo Potencial Biodiesel, na cidade da Lapa. A expectativa é finalizar as obras e iniciar o fornecimento de gás canalizado para o grupo em 2026. O Grupo Potencial vem fazendo grandes investimentos na cidade da Lapa, com a implantação de uma esmagadora de soja que demanda um uso maior de gás.
Para isso, terá uma ‘caldeira flex’, que pode utilizar biomassa ou qualquer tipo de gás, como o biometano. Esse investimento viabilizou a construção do gasoduto, que vai ajudar no desenvolvimento da região. Além do gasoduto, também foi assinado um termo de compromisso entre o governo do Estado e a Potencial para a implantação de dois dutos de biocombustível entre Araucária e Lapa. O investimento da empresa no empreendimento será de cerca de R$ 200 milhões. Um dos dutos será dedicado ao transporte de biodiesel e óleo de soja, enquanto o outro será executado de maneira versátil. A estrutura terá aproximadamente 50 quilômetros de comprimento, interligando as bases de distribuição dos combustíveis de Araucária à Lapa. A planta da Potencial de biodiesel é a maior do Brasil e uma das cinco maiores do mundo, produzindo cerca de 900 milhões de litros ao ano. Hoje, o transporte desses produtos, no Brasil, é feito principalmente pelo ramal rodoviário.
Com este duto, haverá agilidade, segurança e mais qualidade na entrega deste combustível, além de zerar a emissão de CO2 na distribuição. A Compagas também anunciou o início das operações da primeira rota do Corredor Sustentável do Paraná conectando os municípios de Londrina e Paranaguá. Ao todo são 11 postos de abastecimento com GNV (gás natural veicular) e biometano para fornecimento aos veículos leves e pesados. A implementação desse primeiro corredor é um marco do projeto, refletindo o progresso na transformação da matriz energética do Estado no setor de transportes. A estratégia da Compagas é ampliar a oferta de gás natural e biometano para veículos pesados, especialmente caminhões e ônibus, de forma que eles consigam percorrer todo o Estado, transitar entre outras regiões e escoar a produção para o Porto de Paranaguá utilizando combustíveis mais limpos e sustentáveis, colaborando para a redução dos gases poluentes na atmosfera.
O projeto Corredores Sustentáveis começou em 2020 na Compagas com a identificação das principais vias de transporte do Estado e dos locais estratégicos para a introdução do gás na matriz energética. A iniciativa proporciona a integração das principais rotas rodoviárias do Estado com o Porto de Paranaguá para o escoamento da produção, além da conexão com as Regiões Sul e Sudeste. Além da primeira rota em operação, o projeto conta com outros percursos a serem implantados, contemplando outras regiões do Paraná. A Compagas também está engajada em debater e articular com outros Estados a ampliação dos corredores para interligar o sistema desde o Rio de Janeiro, passando por São Paulo, Santa Catarina até o Rio Grande do Sul, consolidando um eixo sustentável para o transporte rodoviário no País. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.