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18/Jun/2024

Frango: preço da carne sobe no RS com enchente

As enchentes que que atingiram o Rio Grande do Sul no último mês afetou o preço do frango, uma das principais e mais acessíveis proteínas na mesa das famílias. Com danos em aviários, unidades de processamento, frigoríficos e aumento dos custos de produção, a oferta dessa proteína diminuiu, enquanto o setor calculava os estragos no ápice do evento climático. Essa situação já se reflete nos preços. Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerando inflação oficial do país, apontam que o preço do frango em pedaços avançou 7,05% em maio na região metropolitana de Porto Alegre. Esse percentual é oito vezes superior à inflação na Grande Porto Alegre em maio (0,87%). No País, o grupo de frangos em pedaços apresentou alta de 1,28%. Preços mais elevados em alguns itens devem perdurar por alguns meses, de acordo com integrantes do ramo. A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) afirma que, além dos estragos nas plantas, o setor enfrenta problemas logísticos diante de bloqueios em rodovias e de aquisição de insumos para as granjas neste momento.

A soma desses fatores acaba pressionando os preços. Há os entraves logísticos que ocorreram naquele momento, o que diminuiu a velocidade de escoamento e até recebimento de insumos nos frigoríficos. Também tem a dificuldade de acessar determinadas áreas na Região Metropolitana, por exemplo. As regiões do Vale do Taquari e da Serra, dois dos principais polos da produção de aves no Rio Grande do Sul, foram duramente atingidas pelas enchentes nos últimos meses, o que afeta a oferta do produto. Levantamento da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (O.A.RS) estima prejuízo de R$ 247,2 milhões no setor de aves no Estado. O dado da O.A.RS contabiliza perdas no âmbito de aves, ovos, e complexos de produção, reunindo informações colhidas entre os dias 5 e 26 de maio. Um dos maiores infortúnios é registrado nas estruturas do setor. Os problemas na produção também afetam as vendas externas. O Estado teve uma redução de 11,4% nas exportações de carne de frango ante o mesmo mês do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Para controlar as perdas, é necessário maior liberação dos recursos via BNDES e bancos repassadores, com maior flexibilização em taxas e condições aos produtores que estão em situação precária. Como a inundação provocou danos severos em estradas que servem como corredores importantes para escoamento e abastecimento da produção do Estado, a Asgav estima que a pressão nos preços deverá seguir nos próximos meses. A projeção da entidade é de uma estabilização em três meses, mas tudo vai depender da celeridade da reposição dos plantéis, da reconstrução de instalações que foram afetadas. Hoje, praticamente 100% dos frigoríficos estão produzindo, mas tem unidades que não estão ainda em sua totalidade, com todo o seu potencial de produção. Comparando com outros momentos de crise, como greve dos caminhoneiros e pandemia, as elevações nos preços do frango devem ficar entre 5% e 10% em média.

A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) avalia que, além dos problemas logísticos, o corte de benefícios fiscais no Estado em maio, antes da revogação, também afetou os preços. Os preços nas gôndolas estão estabilizando neste momento nos supermercados. Como a maior parte dos comerciantes trabalha com mais de um fornecedor, o aumento de preços é mitigado em alguns casos. Há muitas marcas no mercado e a concorrência é acirrada. Muitos perderam em seus negócios, mas a expectativa é de que tudo se reconstrua novamente. A Asgav afirma que é difícil mensurar o impacto do corte de benefícios fiscais no valor do frango porque a medida vigorou bem no começo da enchente. O maior efeito nos preços vem dos estragos causados nas empresas e dos entraves logísticos. A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) afirmou que é muito difícil saber o quanto o corte dos benefícios impactou, mas certamente a imensa maioria do impacto se deve aos problemas ocasionados pelos eventos extremos.

Os dados do IPCA apontam que o grupo de carnes, que reúne diversos cortes de bovinos, apresentou alta menor, de 1,07%. O Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da UFRGS afirma que pelo menos três pontos principais explicam a manutenção dos preços da carne bovina nesse primeiro momento. Baixo consumo dessa proteína, abastecimento de produtos de fora do Estado e impacto menor da inundação nos principais polos de produção de gado entram nesse rol. Para os próximos meses, a estimativa é de elevação nos preços diante, principalmente, de fatores sazonais e efeitos da inundação. A partir desta segunda quinzena de junho, isso vai mudar. Deve aumentar uns 4% ou 5%, porque começa a entressafra no Estado. Com isso, haverá menos pastos, menos pastagens. As enchentes atrapalharam um pouco o processo produtivo e diminuem o número de bovinos que vão para o abate. Isso vai repercutir na majoração de preços. Os estragos no setor de aves no Rio Grande do Sul:

- Perda total de aves/genética: R$ 23.146.858,52

- Ovos férteis: R$2.198.153,38

- Prejuízo nas estruturas: perda parcial: R$ 89.499.000,00

- Prejuízo nas estruturas: perda total: R$ 15.877.334,70

- Outros prejuízos: R$ 116.494.960,00

Fonte: GZH. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.