18/Jun/2024
Publicação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apresentou os valores dos indicadores nacionais da Contagem Padrão em Placas (CPP) e Contagem de Células Somáticas (CCS) do leite com dados de 2013 a 2024, possibilitando a análise do desempenho de cada parâmetro. Os indicadores CCS e CPP causam impacto negativo no rendimento do leite para a indústria. De acordo com a Instrução Normativa (IN) nº 76 de 26 de novembro de 2018, o leite cru refrigerado de tanque individual ou de uso comunitário deve apresentar médias geométricas trimestrais de CPP de no máximo 300.000 UFC/mL (trezentas mil unidades formadoras de colônia por mililitro) e de CCS de no máximo 500.000 CS/mL (quinhentas mil células por mililitro). A média nacional do indicador CPP do Serviço de Inspeção Federal (SIF) encontra-se bem abaixo do limite máximo definido na IN 76.
Entre 2023 e 2024, observa-se um pequeno aumento no parâmetro, de 66.000 UFC/mL para 75.000 UFC/mL, no entanto ainda distante do limite de 300.000 UFC/mL. Ainda, é possível observar o efeito da publicação da IN 76 de 2018 que passou a vigorar entre maio e junho de 2019. De 2018 para 2019 houve uma redução de aproximadamente 25% no indicador, já entre 2019 e 2020 há uma redução significativa no parâmetro, o que pode ser em parte explicado pelo trabalho de produtores, consultores e laticínios em busca da melhoria na qualidade do leite. A CPP fornece informações a respeito da qualidade microbiológica do leite cru. É o parâmetro utilizado para avaliar a qualidade do manejo da ordenha. Assim, quanto maior a contagem de microrganismos no leite cru, provavelmente, maiores serão as alterações sobre os constituintes do leite, o que irá reduzir a qualidade da matéria-prima comprometendo a qualidade e tempo de prateleira do produto final.
No entanto, como já discutido aqui, para o indicador CCS ainda há um caminho de muito trabalho pela frente, visto que a média geométrica nacional está acima do limite máximo para 2024. Mas por que conseguimos obter bons resultados para CPP e a CCS ainda está alta? Apesar de existir preocupação do setor para a CPP e CCS e os esforços serem direcionados para a melhoria dos dois parâmetros, a CPP é um indicador relativamente simples de realizar o controle quando se compara com a CCS. Os manejos e práticas adotadas, como limpeza de equipamentos de ordenha, higienização dos tetos, resfriamento imediato do leite após a ordenha e limpeza e manutenção do tanque de resfriamento surtem um efeito quase que imediato no indicador CPP. Já para o controle do indicador CCS, o problema é muito mais desafiador e complexo, dependendo de uma série de fatores que facilmente fogem do campo de visão e controle do produtor.
Então a CPP já não é mais um problema no setor leiteiro? Mesmo que a média nacional nos indique que a CPP está bem abaixo do limite máximo, o indicador ainda é preocupação de alguns produtores e laticínios. De acordo com o levantamento do “Quem Produz o Leite Brasileiro” de 2023, uma pesquisa com 38 laticínios participantes revelou uma média geral de CPP de aproximadamente 110.000 UFC/mL. Dos 38 levantados, 8 deles estão com o indicador CPP muito acima de 300.000 UFC/mL, representando 21,05%. Nesse mesmo levantamento, 11 (28,94%) laticínios apresentam a CPP acima da média e os outros 19 (50%) abaixo da média geral. Ainda, de acordo com dados da RBQL, comparando o indicador com Serviço de Inspeção Federal (SIF), Estadual (SIE) e Municipal (SIM), o SIF tende a apresentar menores valores de CPP, o que pode indicar que laticínios com SIE e SIM ainda precisam unir mais esforços juntamente com os produtores para a melhoria da qualidade do leite.
No entanto, mesmo que o indicador pareça ser um problema maior para laticínios com selos estaduais e municipais, a qualidade do leite deverá ser sempre um alerta para toda a cadeia, desde produtores, consultores, empresas e laticínios, em busca de manter o indicador abaixo do limite máximo permitido. As ações do setor impactarão positivamente toda a cadeia, desde o produtor que pode receber bonificações pelo leite entregue com qualidade, passando pela indústria que tem maior rendimento e tempo de prateleira dos produtos finais, até o consumidor, que usufrui de maior segurança alimentar. É o trabalho de todos os envolvidos no setor que tornará o leite do Brasil um leite referência em qualidade. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.