04/Jun/2024
O setor lácteo dos três Estados da Região Sul deve concentrar esforços, ao longo dos próximos anos, em superar dois desafios: atingir um padrão máximo de eficiência e acessar o mercado externo de forma considerável. As diretrizes fazem parte do “Plano de Desenvolvimento da Competividade Global do Leite Sul-Brasileiro”, da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB). O plano é resultado de nove anos de debates e ideias surgidas ao longo de reuniões da ALSB. Alguns alertas fizeram com que os elos da cadeia produtiva se mobilizassem. O primeiro deles diz respeito à estagnação da produção. Entre 2000 e 2014, a produção de leite na Região Sul aumentou 104%, chegando a 25 bilhões de litros processados pela indústria. Desde então, no entanto, a produção se estabilizou. Além disso, nos últimos anos, o setor tem enfrentado sucessivas crises. A mais recente, relacionada à importação maciça de leite de países do Mercosul.
O fechamento do último ano (2023) consolidou a Região Sul como a maior produtora de leite do País, sendo responsável por cerca 40,7% do leite formal brasileiro. Dessa forma, a Região Sul abriu mais de 4% em relação ao segundo colocado, a Região Sudeste, que agora representa 36,1% da captação brasileira. Além disso, os 3 Estados da Região Sul estão entre os 4 maiores Estados produtores de leite do Brasil. Boa parte dos lácteos produzidos por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já são destinados a outras regiões. O problema é que o mercado interno já está saturado. Outro problema é que a produção de outros países também é uma ameaça. Países como Uruguai e Argentina, por exemplo, conseguem que seus produtos cheguem ao Brasil a preços até 10% menores, mesmo com o custo logístico da exportação. O grande desafio é ampliar a competitividade do produto nacional e ganhar mais mercados. Se o setor produzir 1 litro de leite a mais, esse litro terá que ir para o exterior. Isso é um dilema.
Há necessidade de chegar ao mercado global, porque só o mercado interno não representa o potencial do setor. Entre os gargalos identificados estão a baixa eficiência agronômica e zootécnica no campo, o baixo rendimento industrial do leite, a alta volatilidade nos preços e entraves logísticos, desde a questão energéticas até a infraestrutura rodoviária. Por isso, o plano se foca na superação desses gargalos, com foco na eficiência. Esse cenário vai fazer com que apenas produtores e empresas eficientes permaneçam na atividade. Outro ponto decisivo é que o setor se debruce sobre os próprios números, com objetivo de otimizar processos e reduzir os custos de produção. Só a partir da excelência é que os lácteos da Região Sul poderão se impor no mercado internacional e rechaçar o produto estrangeiro. Para ser competitivo é preciso ser eficiente para baixar custos e ter uma logística eficaz. Ainda há um desafio para chegar ao mercado internacional, que é a redução de 20% dos custos de produção.
O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) apresentou os resultados preliminares de um levantamento realizado pela instituição sobre a caracterização socioeconômica e tecnológica dos estabelecimentos leiteiros no Paraná. O trabalho foi uma demanda da Aliança Láctea. Hoje, o Paraná é o segundo maior produtor de leite do País, com 4 bilhões de litros de leite por ano, o que equivale a 13% da produção brasileira. A pecuária de leite é a principal atividade em 32 mil propriedades rurais do Paraná, número que serviu de embasamento para a pesquisa realizada com os produtores rurais. O nível de confiança do levantamento realizado pelo IDR-Paraná é de 95%. O Estado está em 2° lugar no ranking com maior número de propriedades constando no Ranking Top 100, com 25 propriedades, ficando atrás apenas de Minas Gerais, com 36. No Paraná, 80% dos estabelecimentos produzem até 500 litros de leite por dia, enquanto 20% das propriedades produzem 76% do leite do Estado.
Esses números ratificam que as exigências do setor farão com que apenas produtores e empresas eficientes permaneçam na atividade. Praticamente não há mais sazonalidade na produção de leite no Paraná, da qual 49% são entregues nas cooperativas e 44% em laticínios privados. Até mil litros por dia, é uma atividade majoritariamente familiar. Além disso, 54% dos produtores de leite são membros efetivos de alguma cooperativa, enquanto 28% participam de associações de produtores. Os produtores de leite que participaram da pesquisa também apontaram o que consideram serem os principais desafios da atividade nos próximos cinco anos. As questões mais citadas foram o alto custo de produção (75%), baixa lucratividade (70%) e falta de valorização da atividade leiteira (48%). Entre os planos para a propriedade leiteira elencados pelos produtores, estão o aumento da produção diária (55%), melhoramento genético do rebanho (44%), aumento do rebanho (35%) e investimento em novos equipamentos e automação (20%). Fonte: Sistema Faep. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.