27/May/2024
Enquanto as manchetes se concentram nas inundações que assolam o Rio Grande do Sul, é importante lembrar o papel crucial que o Estado desempenha em setores essenciais da economia brasileira, como a produção e o consumo de leite e seus derivados. Ao longo dos anos 2000, o Rio Grande do Sul vem disputando o segundo lugar no ranking de produção de leite no Brasil com o Paraná. No entanto, agora, o Estado é o terceiro maior produtor de leite do País, com taxas médias de crescimento de 3% no período analisado. Com 15,740 milhões de cabeças de gado e produtividade de 3.771 litros/vaca/ano (segunda maior do Brasil), o Rio Grande do Sul responde sozinho por 13% da produção nacional de leite, ou seja, cerca de 4 bilhões de litros.
Com todo esse volume de produção, os consumidores do Estado também se destacam como grandes apreciadores do leite e seus derivados. Em termos de consumo per capita de lácteos, o Rio Grande do Sul está na segunda posição no ranking, apenas 8% abaixo de Santa Catarina, que é o primeiro colocado. Considerando os principais produtos lácteos consumidos no Brasil, o Estado só não se destaca no consumo de creme de leite, manteiga e leite em pó. No entanto, o Rio Grande do Sul é o maior consumidor per capita de leite condensado e iogurte. O Estado consome, em média, 1,17 Kg de leite condensado por ano, ou seja, cerca de 530% a mais que o último colocado neste ranking: o Maranhão. O cenário é similar para iogurte.
Em média, o Estado consome 2,48 Kg per capta de iogurte por ano, ficando em um nível 5% acima de Santa Catarina (segundo colocado no ranking), 8,7% acima da média brasileira e 623% acima do estado que menos consome iogurte no País: Tocantins. Além disso, o Rio Grande do Sul está entre os maiores consumidores de leite fluido, queijos e leite fermentado. Assim, sozinho, o Estado consome 9% de todos os laticínios do Brasil, refletindo-se em uma das dietas mais ricas em derivados do leite do País. Vale ressaltar que o leite fluido é a base da alimentação diária no Estado, de modo que cada habitante consome, em média, cerca de 100 ml de leite por dia, ou seja, bem acima da média brasileira, que é de cerca de 55 ml/dia. Com isso, o consumo de leite fluido responde por 80% do consumo total de lácteos no Estado.
Dentre os queijos, os mais apreciados no Rio Grande do Sul são, nesta ordem: queijo prato, mozzarella e requeijão. Com um total consumido de cerca de 33 mil toneladas de queijos por ano, o Estado consome sozinho 23% de todo o queijo prato do País. No entanto, o queijo minas não agrada muito, sendo o produto lácteo de menor representatividade de consumo no Rio Grande do Sul em relação ao total consumido no Brasil, com apenas 0,69%. Já o parmesão, embora tenha um volume de consumo levemente superior ao do queijo minas no Estado, representa 5,5% do total consumido no Brasil. Assim, é possível perceber que o Rio Grande do Sul se destaca não apenas pelos desafios das enchentes, mas também pela sua robusta produção e significativo consumo de laticínios. Em meio a essa tragédia, é importante destacar a força e a resiliência do setor lácteo do Estado.
Apesar dos desafios impostos pelas enchentes, como a interrupção da produção em algumas áreas e a dificuldade na logística de transporte, o setor lácteo tem capacidade de superação. É importante ressaltar que, além dos impactos diretos nas propriedades rurais e na indústria de laticínios, as inundações também afetam o consumo de lácteos na região. A perda de renda e o deslocamento da população podem levar a uma redução na demanda por produtos lácteos, impactando ainda mais o setor. Nesse momento de dificuldade, é fundamental a união de esforços para auxiliar os produtores rurais e as empresas do setor lácteo. Políticas públicas de apoio, medidas de reconstrução e ações de manutenção da saúde e qualidade da dieta são essenciais para garantir a retomada da produção e a preservação da identidade do Rio Grande do Sul como um dos maiores produtores e consumidores de leite do Brasil. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.