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23/May/2024

Boi: dados apontam fragilidade do consumo interno

As persistentes quedas de preço do boi gordo no Brasil ao longo deste ano se destacam em todas as conversas com pecuaristas. Mais do que uma percepção, a análise de indicadores mostra que o movimento de queda dos preços no Brasil está destoando do comportamento estatístico esperado. O motivo das baixas tem sido a superprodução diante de um consumidor sem renda para aumentar suas compras de carne bovina. As exportações seguem batendo recordes, mas ainda fica muita carne no mercado doméstico. Para aprofundar a análise, a equipe Cepea calculou a taxa de crescimento da produção, das exportações, importações e do consumo no Brasil e no mundo. Para esta comparação, estão disponíveis apenas dados anuais e, como recorte temporal, foi tomado o período de 2018, que antecede a entrada da China enquanto compradora forte da carne bovina brasileira, até dezembro de 2023.

Os resultados mostram a vitalidade da pecuária brasileira e a apatia do consumo brasileiro, que responde ao crescimento econômico do País. Entre 2018 e 2023, a taxa de crescimento da produção de carne bovina brasileira foi de 1,28% ao ano. A produção mundial cresceu à taxa de 0,71% ao ano, puxada em boa parte pelo resultado do Brasil. Na exportação, o País se sobressai consideravelmente. Sua taxa foi de 6,64% ao ano, enquanto as vendas globais tiveram crescimento de 2,51% ao ano. Demonstrando o gosto do brasileiro por carnes diferenciadas como as da Argentina e Uruguai, a taxa de crescimento das importações do Brasil também foi bem superior, calculada em 8,96% ao ano, contra 1,03% da média mundial. Ainda que a taxa da importação brasileira seja alta, é sabido que os volumes importados são relativamente pequenos e com baixo impacto na disponibilidade interna total. A variável mais sensível é o consumo. Neste item, o Brasil fica um pouco atrás da média mundial, com crescimento anual de apenas 0,71%.

Por sua vez, o consumo mundial de carne bovina, impactado pela participação da China, avançou à taxa de 0,95% ao ano entre 2018 e 2023. Esses dados ajudam no entendimento da dinâmica a que a pecuária brasileira está submetida e reitera a sua inserção numa lógica global. Não basta acompanhar o local. É preciso ampliar o quadro de variáveis e calibrar o período de análise para se tomar decisões. Note-se o que ocorre no presente: a grande produção de carne bovina no Brasil neste início de ano reflete o estímulo aceito por pecuaristas que viram com “empolgação” os preços do boi gordo, no estado de São Paulo, acima de R$ 300,00 por arroba pelo período de julho de 2020 a maio de 2022, salvo pequenas exceções. Mas, a análise de longo prazo já mostrava que aqueles valores fugiam da linha de “tendência”. A estatística apontava que aqueles patamares tendiam a baixar; de fato, cederam. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.