22/May/2024
Pelo quinto mês consecutivo, o preço do leite captado em março fechou em alta, de 4,1%, chegando a R$ 2,3290 por litro na “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com esse resultado, o preço ao produtor acumulou alta real de 12,9% no primeiro trimestre (valores deflacionados pelo IPCA de março). A valorização, por sua vez, se deve à redução da oferta no campo, a qual, inclusive, deve continuar sustentando os preços. Em abril, os valores do leite podem subir em torno de 5%, considerando-se a Média Brasil. Os menores investimentos dentro da porteira no último trimestre do ano passado e o clima adverso (seca e calor) em fevereiro e março reforçaram o enxugamento da oferta de leite cru.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou queda de 2,5% de fevereiro para março; no acumulado do primeiro trimestre, a baixa é de 7,5%. Esse contexto intensifica a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima, o que impulsiona as cotações ao produtor. Com elevação da receita e recuo dos custos, as margens dos produtores têm sido favorecidas. Essa recuperação na margem é essencial para que os investimentos na atividade possam ser retomados e para que a produtividade cresça no campo. Ainda assim, o repasse dessa alta para o consumidor não tem ocorrido na mesma intensidade ao observado no campo. As indústrias seguiram com dificuldades nas negociações dos lácteos com os canais de distribuição em abril, o que resultou em variações pouco expressivas nos preços dos derivados.
Além de sinalizarem que o consumo segue enfraquecido, agentes de mercado também apontam que as importações continuam sendo um fator de pressão sobre o mercado lácteo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em abril, as compras externas somaram 195 milhões de litros em equivalente leite, 9,3% a mais que em março/2024 e 34% acima do volume de abril/2023. Ainda assim, as expectativas dos agentes são de que os preços no campo devem seguir avançando também em maio, já que a captação nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste não cresceu, devido à entressafra, e ainda está em recuperação na Região Sul (Paraná e Santa Catarina). No Rio Grande do Sul, as enchentes reduziram a oferta e impediram o escoamento de lácteos para outros Estados, o que também reforça o contexto altista nos preços. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.