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16/May/2024

Boi: preço está descolado da carne mundial em 2024

Os preços da carne bovina praticados no mercado mundial têm correlação muito forte com os valores pagos pelo boi gordo no mercado brasileiro. De 2000 a 2024, o Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3 apresenta correlação estatística de 0,963 com o Indicador de preços da carne bovina do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de 0,969 com o da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Esses resultados confirmam a influência mútua entre o mercado brasileiro e o internacional, dissipando o poder de formação de preços de qualquer país ou player individualmente. Nos últimos meses, no entanto, os Indicadores “se descolaram”. Os da FAO e do FMI referentes ao preço da carne bovina no mercado internacional estão em alta desde janeiro, enquanto, no Brasil, os valores pagos pelo boi gordo vêm registrando quedas consecutivas.

A histórica correlação entre eles, contudo, sugere que retomem movimentos semelhantes. Cálculos evidenciam também forte correlação entre os preços pagos pelos países à carne brasileira e o Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3, em dólares. Estatisticamente, a correlação é de 0,959. Os preços pagos pela tonelada de carne brasileira recuaram na média 23,3% desde o pico no ano de 2022; por sua vez, o Indicador do boi gordo em dólar, no mesmo período, baixou 22,8%. A pressão sobre o mercado brasileiro tem sido causada pela maior disponibilidade interna. Dados preliminares divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no primeiro trimestre de 2024, o número de bovinos abatidos no País aumentou 24% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, sendo produzido volume 23% maior de carne.

Conforme os primeiros dados divulgados pelo IBGE, o abate entre janeiro e março deste ano foi recorde para um trimestre: 9,236 milhões de cabeças, que renderam 2,381 milhões de toneladas de carne. A exportação também cresceu e tem batido recorde, mas não o suficiente para evitar que o volume posto à disposição do atacado e varejo internos representasse “mais” do que a renda do brasileiro consegue levar para casa. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), de janeiro a abril, foram exportadas 835,15 mil toneladas de carne bovina (in natura e industrializada), volume 37,1% superior ao do mesmo período de 2023. Entre os parceiros tradicionais, a China elevou suas compras em mais de 40% e Hong Kong, em mais de 15%. De janeiro a abril, a China já recebeu 374,63 mil toneladas de carne bovina brasileira; e Hong Kong, 40,21 mil toneladas.

Ainda que não figure entre os grandes parceiros do Brasil, os Emirados Árabes Unidos vêm chamando a atenção pelo crescimento considerável de suas compras de carne bovina neste ano. No começo de 2024, importaram 245% a mais que há um ano, saltando de 18 mil toneladas no primeiro quadrimestre de 2023 para 64,78 mil toneladas. No ano passado inteiro, foram 76,9 mil toneladas, recorde até então. A média mensal, nos últimos anos, oscilou entre 3 e 6 mil toneladas, chegando ao máximo de 6,4 mil toneladas em 2023. Neste ano, está em 16,2 mil toneladas. O preço firme do petróleo favorece as compras mais volumosas dos Emirados Árabes Unidos, e a indústria brasileira teve várias ações no ano passado para aumentar das vendas para este país. Porém, a magnitude do aumento pode ser reflexo também das dificuldades de a Austrália e a Nova Zelândia exportarem pelo Mar Vermelho. Os Emirados podem ainda estar servindo de hub de importação de carne que irá para outros países da região.

Há de se destacar que o aumento do volume para este país tem sido acompanhado por avanço também do preço médio, o que destoa do visto para compradores mais tradicionais. Na parcial de 2024, os Emirados Árabes pagaram 8,1% a mais pela carne brasileira avaliada em dólar, com a média de abril em US$ 4,63 por Kg. É possível que esse aumento reflita não um reajuste de preços, mas a importação de cortes de mais caros, antes adquiridos da Austrália e Nova Zelândia. Diferentemente, para o conjunto geral de países que importam a carne bovina brasileira, o preço médio tem caído. Em abril, a média em dólar da carne foi de US$ 4,40 por Kg, sendo 4,9% menor que a de abril/2023. No mesmo comparativo, o dólar se valorizou 2,2%. O preço pago pela China, maior destino da carne brasileira (não só bovina, mas também de frango e de suínos), recuou 12,1% no mesmo período; Hong Kong pagou 3,3% a menos pelos produtos bovinos, com as médias indo para US$ 4,49 por Kg e a US$ 3,23 por Kg, respectivamente, em abril. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.