ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/May/2024

Leite: margem de produtores está mais favorável

Neste ano, até o primeiro quadrimestre, o resultado tem se mostrado um pouco mais favorável ao produtor de leite. Desde dezembro de 2023 até o pagamento realizado em abril, o preço pago ao produtor subiu 10,5%. Esse aumento é explicado pela menor oferta de leite, em decorrência do clima adverso e das menores margens da atividade no final do ano passado, que implicaram na queda de investimento na atividade. Este quadro provocou uma disputa entre os laticínios para garantir o abastecimento de produtos, elevando as cotações. O Índice de Captação de Leite da Scot Consultoria caiu 8,4% desde o pico de produção, que ocorreu em meados de dezembro, considerando a média nacional. Além disso, com o avanço da colheita da safra de verão, a manutenção de perspectivas favoráveis à oferta de segunda safra no Brasil, com o bom quadro de desenvolvimento na maioria das praças produtoras e um desenvolvimento da semeadura norte-americana dentro do esperado, as cotações do milho caíram.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas, em São Paulo, a saca de 60 quilos fechou abril cotada, em média, em R$ 59,90, sem o frete. Em relação a março, a queda foi de 3,9%. Na comparação com abril do ano passado, a cotação do milho está 22,6% menor este ano. Para o farelo de soja, o preço também está pressionado devido à maior disponibilidade, com a colheita da soja na reta final no País. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, em abril, a tonelada do farelo de soja ficou cotada, em média, em R$ 1.913,96, sem o frete. A queda foi de 6,4% na comparação feita mês a mês. Na comparação com abril do ano passado, o farelo está custando 21,0% menos este ano. Com a queda nos custos de produção e aumento na receita do produtor, a margem, dada pela diferença entre o preço do leite e o Indicador da Scot Consultoria de Custo de Produção, está favorável para o produtor de leite este ano. Em abril, na comparação mensal, a margem do produtor aumentou 9,9%.

Esta melhora vem ocorrendo desde o começo do ano. A queda nas cotações dos principais componentes da dieta somada às altas dos preços do leite ao produtor são fatores positivos para a atividade leiteira este ano. Com isso, espera-se um cenário melhor para o produtor, mas ainda sem grandes investimentos na atividade. Apesar da expectativa de um mercado firme para o próximo pagamento, em função da continuidade da menor captação, os laticínios têm encontrado dificuldades em repassar o aumento da matéria-prima para os preços dos lácteos, o que pode limitar as altas. Além disso, as importações continuam sendo uma pauta importante na cadeia leiteira. Outro ponto de atenção é com relação à catástrofe que vem assolando o Rio Grande do Sul. O Estado é uma importante bacia leiteira e as recentes chuvas devem afetar a cadeia leiteira. Abaixo alguns pontos que devem afetar a produção:

- Os alagamentos no Rio Grande do Sul devem comprometer as pastagens e dificultar o manejo dos

animais;

- Os danos às estradas e pontes dificultam o transporte/captação de leite e a entrega de ração e combustíveis;

- Para as indústrias/laticínios e cooperativas do segmento existe a dificuldade para mobilidade de mercadorias para abastecimento e para recebimento de embalagens e afins;

- A falta de energia elétrica afeta a produção do campo até o consumidor;

- Danos às lavouras devem provocar um aumento nos custos de produção.

Ainda não há um levantamento da dimensão do impacto, mas certamente a cadeia leiteira sofrerá. Para o mercado, sazonalmente a produção de leite no Rio Grande do Sul, sem a catástrofe a que assistimos, tenderia a crescer a partir de maio, devido à oferta das pastagens de inverno, e os preços cairiam. Além disso, essa janela de produção possibilitaria que os lácteos do Sul abastecessem outros Estados, já que no Centro-Sul do Brasil este período é marcado pela entressafra. Porém, com os problemas causados pelas enchentes, os preços podem se comportar de maneira atípica, mas ainda sem uma projeção dessas variações. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.