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09/May/2024

Carnes: análise sobre a situação da pecuária no RS

As pesquisas do Cepea sobre a pecuária são focadas nas condições de mercado e de produção, mas as ocorrências graves no Rio Grande do Sul requerem que a situação humana seja posta em foco neste momento. O Cepea, há décadas, mantém contato frequente com compradores, vendedores e intermediários de negociações do estado sul-rio-grandense. Desde a última semana, são poucas as informações de mercado a serem coletadas no Estado, mas muitos os relatos de perdas lastimáveis. A equipe Cepea mantém vínculos com as pessoas (“colaboradores do Cepea”) e expressa a sua solidariedade a todos que estão enfrentando o pior desastre da história desse Estado. No Rio Grande do Sul, são criadas predominantemente raças europeias, mais adaptadas ao clima frio.

O gado e a carne desse estado não têm grande circulação em outras regiões, e, por isso, as ocorrências recentes não devem influenciar significativamente as negociações pecuárias do País. Enquanto fornecedor para os demais Estados, estima-se impacto apenas com parceiros específicos. Como consumidor, a demanda por carne e por outros alimentos, insumos e bens em geral de outros Estados ou países vizinhos deve aumentar justamente pela dificuldade de abastecimento dos produtores locais. Por enquanto, no entanto, os problemas logísticos impedem negociações e até mesmo a entrega de cargas já contratadas. Há de se destacar que os prejuízos sobre as granjas de suínos e principalmente de aves (produção de carne e de ovos) foram grandes e, em alguma medida, podem reforçar a demanda por carne bovina de outros Estados.

Haverá algum impacto também na exportação. Em 2023, pelo Porto de Rio Grande (RS), foram exportados 6,7% da carne de frango brasileira, 11,6% da carne suína e 2,9% da carne bovina. Também a pecuária leiteira foi bastante prejudicada. O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de leite do Brasil e, em muitas regiões, não há condições de transportar a produção até os laticínios. Em decorrência, vários estados poderão sentir a redução da oferta de derivados lácteos. A exemplo de outros setores, a pecuária bovina de corte do Rio Grande do Sul tem sido impactada por pontes e estradas destruídas. Pastagens estão embaixo d’água e animais foram arrastados pela enxurrada. Mesmo nas regiões que não foram inundadas, os solos estão encharcados, dificultando o manejo dos rebanhos.

Pecuaristas mostram um misto de desespero e desânimo. Entre os frigoríficos, vários interromperam atividades por terem sido atingidos pela água ou pela dificuldade de locomoção dos funcionários. O transporte dos bovinos e da carne também está comprometido. Representantes da indústria informam que alguns poucos permanecem ativos apenas para compras, mas sem previsão para os embarques. Feiras e exposições previstas para maio têm sido suspensas. O segmento de insumos também enfrenta dificuldades de escoar rações e outros itens essenciais para as propriedades rurais. Diante da gravidade da situação, agentes de todos os elos da pecuária ainda têm dificuldades de planejar os próximos dias. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.