30/Apr/2024
Demanda deverá crescer com o aumento do teor de biodiesel na mistura do diesel. Com a expectativa de menor oferta de sebo bovino e aumento da exportação, preço poderá subir. O Brasil produziu 7,5 bilhões de litros de biocombustível em 2023, crescimento de 17,4% no comparativo anual. O óleo de soja é a principal matéria-prima destinada à produção do biodiesel, tendo representado 69,2% das matérias-primas utilizadas em 2023. Na sequência, as gorduras animais, com 8,4% de participação. Dentre as gorduras animais, o sebo bovino é a principal matéria-prima utilizada, representando 69,3% das gorduras animais utilizadas. Em 2023, a participação do biodiesel na mistura do óleo diesel era de 12,0% (B12).
Mas, há no setor a mobilização para aumento do teor de participação nos próximos anos. Para 2024, a partir de março, o teor passou para 14% (B14) e espera-se para 2025 que o teor passe para 15% (B15), com projetos que preveem o aumento até o teor de 20% até 2030. Estimamos que 23,9 milhões de toneladas de soja foram demandadas pelo setor de biodiesel em 2023, para a produção de 7,5 milhões de metros cúbicos de biocombustível. Para 2024, com o aumento de 2% na mistura, espera-se que a produção de biodiesel alcance 8,8 milhões de metros cúbicos, o que, mantendo a atual participação do óleo de soja, demandaria 28,2 milhões de toneladas de soja em grão, aumento de 4,15 milhões de toneladas.
A oferta de soja está ligada à produção do grão no País. A safra 2022/2023 foi recorde e, a atual temporada (2023/2024), mesmo com quebras de produção, deverá ser de boa oferta e a segunda melhor produção da história. Em resumo: não esperamos que o mercado encontre problemas para abastecer esse incremento de demanda. Para o sebo bovino, a oferta do produto está ligada ao abate de bovinos, impactado pela atividade de cria e sua atratividade (o famoso ciclo pecuário de preços). Em resumo: a oferta de sebo bovino possui um “limitador” de produção. Estimamos que, para cada bovino abatido, sejam produzidos 26 Kg de sebo.
Para 2023, estimamos que o setor tenha produzido 885,6 mil toneladas de sebo, deste volume, 441,3 mil toneladas foram consumidas pelo setor de biodiesel. Além do setor de biodiesel, compete pela matéria-prima a indústria de higiene e limpeza, que até alguns anos atrás (2018), era o principal comprador do sebo bovino. Com a perspectiva de abate ainda em alta para 2024, a oferta de sebo deverá seguir confortável no mercado. Mas, merece atenção a exportação de sebo, em forte crescente nos últimos anos. De 2023, para 2022, o setor exportou 292,1 mil toneladas de sebo, alta de 186,9%. Com a expectativa de aumento da produção de biodiesel para 2024, a demanda por sebo bovino também deverá crescer, estando estimada em 514,11 mil toneladas.
Em 2024, com oferta confortável à demanda, o B14 deverá causar pouco impacto nos preços do óleo de soja e no de sebo bovino. Para 2025, a expectativa é de redução nos abates de bovinos e, consequentemente, redução na oferta de sebo bovino. Com a perspectiva de aumento no teor de biodiesel na mistura do diesel, os poderão subir. No mercado de soja, a atenção que fica é para o desenvolvimento das lavouras norte-americanas 2024/2025, em início de semeadura, e às expectativas de exportação no Brasil, que poderão ser menores do que em 2023, e resultar em aumento na disponibilidade interna do grão. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.