25/Apr/2024
Os pecuaristas têm sido resistentes nas vendas de machos e fêmeas para abate, buscando reajustes de preços. As negociações de bois destinados à exportação, com cotações nas faixas superiores às do intervalo atual, estão um pouco mais aquecidas, mas fechamentos envolvendo lotes típicos de mercado interno apresentam liquidez bem menor. Muitos pecuaristas se declaram fora de mercado, no aguardo de preços mais altos. Apesar dessa resistência, o volume de carne disponível no mercado nacional está elevado. Para dar algum alívio, os embarques externos neste mês estão bem acelerados, sinalizando um recorde mensal.
Com base em dados de produção, de exportação e importação, nos três primeiros meses de 2024, foram disponibilizadas no mercado interno 1,685 milhão de toneladas de carne bovina. Esse volume é 15,1% superior ao do mesmo período do ano passado e o maior para um primeiro trimestre. Avaliando-se apenas o movimento deste ano, observa-se que o mês de março concentrou o maior volume de carne de 2024, quando 592,7 mil toneladas foram disponibilizadas no País, 3,2% a mais que em janeiro. As exportações de carne no primeiro trimestre deste ano foram recordes, mas, ainda assim, foram insuficientes para equilibrar o mercado doméstico, dado o volume produzido no País no período.
No comparativo com o primeiro trimestre de 2023, os embarques cresceram 25,9%, as importações recuaram 17%, mas o volume produzido avançou 18%. É mais oferta num momento em que a renda do brasileiro, por mais que a carne bovina seja desejada, não lhe permite aumentar os pedidos no balcão dos açougues. O impacto chega ao pecuarista, que se queixa fortemente das despesas que têm para produzir a carne. Em São Paulo, no atacado, os preços da carne também estão pressionados. Em termos reais, a carcaça casada de boi esteve 8,2% mais barata que no primeiro trimestre de 2023. No mesmo comparativo, o preço médio do boi gordo em São Paulo caiu 12,6%.
Na análise de disponibilidade por Estado (produção, exportação e importação analisadas por Estado), constata-se que São Paulo, Minas Gerais e Goiás tiveram os aumentos mais expressivos no comparativo com o primeiro trimestre de 2023. Em São Paulo, o acréscimo foi de fortes 40,4%; em Minas Gerais, de 30,4%; e, em Goiás, de 21,1%. Nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a oferta de carne no mercado doméstico esteve 17,4% e 13,56% maior, respectivamente. As exportações brasileiras de carne bovina in natura registram ritmo forte neste mês.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques diários superaram as 10 mil toneladas até o dia 19 de abril, somando, na parcial, mais de 155 mil toneladas embarcadas no mês, o que já representaria o segundo melhor abril da história, mesmo faltando 7 dias para o cômputo total. No mês passado, os embarques diários tiveram média de 8,32 mil toneladas. O volume atual deve ajudar no maior equilíbrio junto à oferta interna, dando sinais de mais firmeza ao mercado no curto prazo. Há um ano (em abril de 2023), quando o Brasil atravessava um período de suspensão de envios de carne à China, os embarques diários foram de 6,11 mil toneladas, e as exportações de carne in natura somaram 110,1 mil toneladas. Em abril de 2022, recorde histórico para o mês, a média diária de embarques havia sido de 8,29 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.