19/Apr/2024
Normalmente, não é uma boa ideia analisar a dinâmica da produção de leite através de médias, em um país continental e diverso como o Brasil, ainda mais levando em conta a heterogeneidade de sistemas, escalas de produção e da eficiência produtiva e econômica entre produtores. No País, chama a atenção a região dos Campos Gerais, no Paraná, onde estão as cooperativas Castrolanda, Frísia, Capal e Witmarsum. De 2000 para 2022, essa região cresceu 5,4% ao ano. O mais interessante é que, de 2015 para 2022, o crescimento subiu para 7,3% ao ano, na mesma época em que a produção brasileira estagnou, com crescimento de menos de 0,4% ao ano.
Será uma região “melhor” para se produzir leite? Talvez haja um ponto aí, sem dúvida, com as culturas de inverno e chuvas mais regulares. Mas, isso tem uma consequência: a valorização as terras. Na região, 1 hectare está custando entre R$ 150.000 e R$ 200.000. São terras altamente competitivas para a agricultura comercial, que lá está bem estabelecida. Portanto, o leite cresceu em uma bacia leiteira com muitas alternativas boas para o uso da terra. Outros fatores também explicam o sucesso do “cluster” de produção existente nos Campos Gerais, além das supostas condições naturais.
Ao longo de décadas foi formada toda uma estrutura de suporte que moldou o ambiente de negócios na região, desde pesquisas aplicadas às condições locais, até uma estrutura cooperativista forte e que está conectada com os grandes players do mercado. Mas, há algo mais “soft”: um nível de conflito e ruídos entre os agentes da cadeia muito menor do que em outras regiões. Por lá, a cadeia amadureceu. O mercado é cíclico, e terá momentos piores e melhores. Em uma agenda positiva, em que o tempo gasto com “briga” e “oportunismo”, é trocado pelo tempo gasto para se criar um futuro melhor para todos. Um cluster estruturado e sólido favorece os produtores. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.