12/Apr/2024
Os preços nominais do leite (sem correção da inflação) estão aumentando quando se analisa o histórico. Mas isso não quer dizer que estão melhorando, porque os custos de produção também aumentam no tempo. É o efeito da inflação. A maneira de corrigir isso é usando um indicador que representa a inflação no período. O problema é que há diferentes indicadores e, dependendo de qual for usado, a conclusão vai ser diferente. Se usar o IPCA, que mede a inflação ao consumidor, fica claro que os preços estão aumentando, apesar dos altos e baixos, como o período a partir de meados de 2023 e que ainda persiste. A trajetória ascendente. Em 2008, por exemplo, os preços médios corrigidos pelo IPCA indicavam valores ao redor de R$ 1,50 por litro. O Cepea indicou R$ 2,23 por litro para o leite de fevereiro/2024. Mesmo na baixa, é mais alto do que os preços do passado. Porém, pode-se argumentar que o IPCA não é um bom indicador para avaliar se a situação de fato melhorou nesse período para o produtor de leite.
Nesse sentido, o IGP-DI tende a ser mais apropriado, pois incorpora os preços de atacado, os preços ao consumidor e o custo da construção civil, que incorpora indiretamente o dólar, que é uma variável importante dos custos de produção de leite. Pelo IGP-DI, a situação é um pouco diferente. Esse índice subiu mais ao longo do tempo, o que joga os preços anteriores para valores mais altos, quando corrigidos. Ainda assim, há uma leve trajetória de alta de 2007 até 2023. Mas, há um indicador ainda mais preciso: o próprio custo de produção de leite. Para isso, utiliza-se o ICP-Leite, da Embrapa Gado de Leite. Esse índice mostra que o preço do leite, quando corrigido por esse índice, na realidade não está aumentando, porque os custos de produção subiram mais do que a inflação da economia, seja ela calculada pelo IPCA ou pelo IGP-DI. A produção não tem crescido nos últimos anos.
Apesar de diversos aspectos gerarem baixo crescimento, certamente a atratividade da atividade é um deles; e dos mais importantes. Seria mais difícil explicar a falta de crescimento se os preços tivessem sistematicamente subido mais que os custos, como o IPCA e, em menor grau, o IGP-DI estariam indicando. Vale destacar que de 2009 a 2017, os custos de produção subiram 24% mais do que o IPCA. Porém, de 2018 a 2023, esse aumento foi de quase 66%, principalmente no pós-pandemia. É possível compensar o aumento de custos tendo maior eficiência na propriedade, pelo menos até certo ponto. Porém, analisando o Brasil como um todo, os custos subiram mais rapidamente do que a eficiência. Fica a dúvida se a forte elevação de custos é conjuntural, fruto do pós-pandemia, ou estrutural, isto é, veio para ficar e o problema da eficiência da cadeia é algo com o que será preciso efetivamente lidar daqui para frente. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.