11/Apr/2024
Não bastasse a percepção de que o poder de compra dos brasileiros tem se mantido limitado para o consumo de carne bovina, a oferta de bois, e de carne, também é considerada alta, pressionando as cotações da proteína no atacado. No início desta semana, os varejistas relatam que as vendas de carne bovina foram fracas e iniciam abril cautelosos em suas novas compras. Ao analisar dados de produção, exportação e de importação, observa-se que tem havido aumento na disponibilidade de carne bovina no mercado interno desde 2022. No ano passado, 7,4 milhões de toneladas de carne teriam sido ofertadas ao varejo brasileiro, o que seria equivalente a 36 Kg de carne bovina por habitante, patamar que se iguala ao recorde de 2013, também na casa de 36 Kg/habitante. Em relação a 2022, o incremento no volume per capita foi de 13,5%. Ainda com algum estoque, muitos varejistas preferem aguardar a evolução dos preços, ponderando que venham a diminuir ainda mais no curto prazo, em função do volume que tem sido ofertado pelos frigoríficos.
Além disso, considerando-se o cenário macroeconômico, são pouco otimistas sobre uma reação do consumo. Agentes afirmam que a demanda do varejo está retraída tanto para as compras de carne desossada quanto de carne com osso. Caso a oferta de bois para abate siga elevada, a sustentação dos preços da carne continuará pautada nas vendas externas. Nesse sentido, o maior número de unidades abatedoras habilitadas para exportação à China traz algum ânimo aos operadores do setor. Resta saber quanto a China e outros parceiros vão aumentar de fato sua demanda, como se sustentará ao longo do tempo e como o setor vai se organizar, em termos de estrutura e dinâmicas regionais, para atender a esse canal. Depois da arrefecida das exportações entre fevereiro e março, o volume de carne in natura embarcado nos primeiros dias de abril voltou a crescer. Na primeira semana do mês, foram 54,7 mil toneladas escoadas pelo Brasil, o equivalente a mais de 10 mil toneladas in natura por dia.
Em comparação a abril de 2023, o montante diário está 79% superior, mas há de se considerar que, há um ano, a média de apenas 6,12 mil toneladas refletia a suspensão dos envios de carne à China, em decorrência de um caso atípico de “vaca louca” no final de fevereiro/2023. Se mantido esse ritmo, a demanda de frigoríficos pode se intensificar e trazer algum ânimo aos pecuaristas, especialmente aos de São Paulo. Em São Paulo, no atacado, em março, o conjunto de cortes que formam a carcaça casada com osso foi negociado, em média, a R$ 16,39 por Kg para o macho e a R$ 14,53 por Kg para a fêmea, quedas respectivas de 1,9% e de 2,8% em relação ao preço médio de fevereiro. No trimestre, em termos nominais, a carcaça casada de boi acumula baixa de 9%, saindo dos R$ 17,61 por Kg no dia 28 de dezembro para R$ 16,04 por Kg no dia 28 de março. A carcaça casada de fêmea, por sua vez, passou de R$ 15,54 por Kg em 28 de dezembro para R$ 14,27 por Kg no dia 28 de março, recuo de 8,2%.
Considerando-se a carne com osso de bovino machos, a queda mais expressiva nos três primeiros meses de 2024 foi registrada para a ponta de agulha, de 15,6%, a R$ 13,74 por Kg no fechamento de março. O corte traseiro também se desvalorizou de forma expressiva no trimestre, 13,1%, para R$ 18,62 por Kg. Apenas o dianteiro (peças mais baratas) se valorizou, 2,7%, com média de R$ 13,64 por Kg no dia 28 de março. Nos últimos sete dias, especificamente, o mercado da carne com osso segue em ritmo lento, sem exigir pressão de compra de bois pelos frigoríficos, que continuam com escalas confortáveis. A carcaça casada de boi registra valorização de 1,7% nos últimos sete dias, o que se deve às elevações dos preços do dianteiro, de 5% no período, e da ponta de agulha, de 2%, que estão cotados a R$ 14,35 por Kg e a R$ 14,09 por Kg, respectivamente. O traseiro é negociado à média de R$ 18,46 por Kg, leve queda de 0,22% nos últimos sete dias, devido à maior dificuldade em ser escoado. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.