ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/Apr/2024

Suíno: crise da suinocultura brasileira persistente

A queda dos preços do milho e do farelo de soja, dois dos principais insumos da suinocultura, fez com que os criadores voltassem a ter margens positivas na atividade. No entanto, esse quadro ainda não é suficiente para o setor se recuperar dos efeitos da crise dos três últimos anos, período em que a China reduziu suas compras de carne suína brasileira. A peste suína africana (PSA) dizimou os rebanhos suínos da China entre 2018 e 2019, o que levou o país a intensificar as importações da proteína. Mas, passada a crise sanitária, a produção chinesa voltou a crescer; e a recuperação ocorreu com mais rapidez do que se previa. Com isso, a China diminuiu as importações de 2021 em diante, o que afetou diretamente os suinocultores brasileiros que investiram para ampliar a oferta, mas que depois não conseguiram repassar as despesas e escoar toda a produção. Segundo a Granja Biriba’s, que cria matrizes de suíno no oeste do Paraná, a relação de troca para compra de insumos melhorou.

O momento é de pegar essa margem apertada, mas positiva, e organizar as finanças. A granja acumulou passivo durante a crise do segmento e precisará de pelo menos mais dois anos para conseguir equilibrar as contas e ter um fluxo de caixa saudável, com espaço que permita a ele ampliar as operações. Hoje, o objetivo não é investir para aumentar a produção. A granja trabalha com matrizes reprodutoras e está investindo apenas em genética, para ganho de eficiência. A Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) afirmou que o custo com alimentação animal também caiu no Estado, mas salientou que os investimentos em produção só vão ocorrer em projetos que já estavam previstos, e não como resultado da melhoria das margens. Haverá um aumento pequeno da oferta, tudo dentro da normalidade. De 2022 para 2023, o crescimento dos abates não chegou a 2%.

No Rio Grande do Sul, 75% dos suinocultores trabalham em regime de integração com indústria, sistema em que a empresa banca despesas como o valor do suíno e a alimentação, deixando para o produtor apenas a responsabilidade pela criação. Os 25% restantes são suinocultores independentes. Nos dois grupos, a percepção é de que o foco neste início de ano tem sido o pagamento de débitos. O produtor que está fora do sistema integrado está estabilizando as contas, fazendo caixa. E nas próprias empresas, integradoras, como carregam todo o custo de produção, também há um sentimento de recompor caixa, de buscar estabilidade. A Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) ressalta que a perda no poder de compra do consumidor brasileiro tem limitado o aumento do consumo de carne suína. Não é preciso aumentar muito a produção porque não tem para quem vender, e as exportações também não vão crescer muito.

Por isso, a ACCS recomenda aos criadores cautela nos investimentos em matrizes. Os preços dos suínos precisariam ter uma reação mais significativa para que o segmento conseguisse, de fato, deixar a crise para trás. E o que tem acontecido com as cotações do é justamente o oposto. O valor médio do suíno vivo de 115 a 120 quilos, que era de R$ 7,60 por Kg em 2021, e hoje, é de R$ 6,40 por Kg. Esse intervalo de tempo coincide com o período em que as exportações da proteína para o mercado chinês diminuíram. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os embarques de carne suína brasileira à China somaram 533,7 mil toneladas em 2021, caíram para 460,2 mil no ano seguinte e, em 2023, foram de 388,6 mil toneladas. Isso significa que, em dois anos, a queda foi de 27%. A produção cresceu muito no Brasil por causa da PSA na China. Todos os países que produzem suínos ficaram voltados para a China, em como seria retomada a produção com rapidez, diminuindo as importações. Muitos produtores brasileiros ficaram em crise. Um dos desdobramentos positivos desse cenário foi o aumento da pulverização das exportações brasileiras.

Havia uma concentração de embarques para a China, mas agora muitos mercados importadores se tornaram mais relevantes. Neste ano, até março, o preço médio do suíno vivo acumulou queda de 2,52%, para R$ 6,20 por Kg, conforme dados da consultoria Agrifatto. As cotações de milho e farelo de soja recuaram ainda mais. Nesse período, os preços dos dois insumos caíram 10,2% e 15%, respectivamente. A relação de troca para os produtores da Região Sul do País atingiu 9,22 Kg de suíno vivo por saca de 60 Kg de milho. O patamar histórico é de 11,3 Kg de suíno por saca de 60 Kg de milho. No caso do farelo de soja, a relação de troca está em 340 Kg de suíno por tonelada, proporção inferior à média histórica, de 362 Kg de suíno por tonelada. Ou seja, atualmente, o suinocultor está com boas relações de troca na Região Sul. A tendência é que esse padrão de margens se mantenha. Os três Estados do Sul dominam a produção de suínos no País. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.